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35 Anos Depois, o Mesmo Bar

  • cocatrevisan
  • 16 de jul. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 1 de nov. de 2021

Imagine você sentado numa mesa de um bar, quando entra uma mulher deslumbrante. Você pode até achar que tem algo de Vinicius de Moraes e cantarolar baixinho "olha que coisa mais linda, mais cheia de graça...".

Eis nossos bares, bares que nos acompanham em toda nossa vida. É lá que debatemos futebol, política, amores, tudo. Bar com música ao vivo, melhor ainda. Pode ser um cantor solitário em seu banquinho, cantando Chico Buarque, Caetano Veloso, Belchior, Ze Ramalho, Gilberto Gil, Tim Maia ou "mandando ver" com bandas com músicas psicodélicas do genuíno Rock com Bob Dylan, U2, Led Zepelin e por ai vai.

E assim os anos vão se passando.

Bares vão fechando, abrindo e outros estão lá ainda. O que não muda são seus personagens.

Alguns meses atrás, passei por uma experiência e entrei no túnel do tempo. Fui num daqueles bares nas redondezas da UFSC e fiz uma viagem no tempo. Estava tomando umas geladas, só observando a "rapaziada". Sozinho, pensando na vida, ou melhor, não pensando na vida, permaneci naquele recinto social por mais ou menos três horas.

E vivi o eterno retorno do Nietzsche. Voltei 35 anos e estava nos bares de meus tempos de faculdade.

Mas "voltei ao futuro", e novamente, sentado no bar de Florianópolis (eu acho), fiquei escutando as conversas das mesas próximas. Tinha três estudantes filosofando, discutindo Foucault e Sartre, e vi como eu era burro, diante do nível do debate. Logo eu que achava que sabia muito de Foucault.

Mas depois de 2 horas, minha alta estima voltou, porque comecei a ouvir cada teoria que faria Foucault abrir seu caixão. Em outra mesa, dois estavam, ou melhor não estavam, em algum plano paralelo, um tinha certeza que o Grêmio foi campeão brasileiro em 1981 com gol do Marx, provavelmente com cruzamento do Engels.

E o bar foi apresentando meus amigos e amigas de 35 anos atrás.

Chegou a musa, o nerd, o chato, o intelectual...todos iguais aos dos meus tempos. Impressionante.

Tinha a turma que atravessou a rua para uma fogueirinha de papel e voltavam a mil. Os "malucos beleza" foram aumentando sua representatividade.

Tudo igualzinho.

A gente percebe que se os desconhecidos são estranhos, amigos e amigas também se transformam em estranhos.

Surgem comportamentos insinuantes. É um show. Ah, tem as mentiras. As pessoas mentem. Eu, Tu, Ele, Nos, Vós e Eles.

E ainda assim, esse microcosmo ao chegar a madrugada, se transforma num macrocosmo.

E voltando à Vinicius de Moraes, em cada bar sempre tem aquela figura inesquecível, às vezes um mendigo intelectual.

No grupo do bar Garota de Ipanema, tinha o Roniquito que discutia com Delfim Neto, Chico Buarque, Walter Clark ou quem passasse pela frente. Era um simplório no meio dos intelectuais mas não perdia nenhuma.

Numa dessas chegou no balcão e gritou pro Antonio Callado. Callado, Tu já leu Faulkner? Callado, já temendo alguma, respondeu, que sim. Roniquito então gritou bem alto, pra todos ouvirem, "então Callado, você sabe que é um bosta...

 
 
 

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