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A Côr da Camisa do John Wayne

  • cocatrevisan
  • 27 de mai. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 2 de nov. de 2021

Primeiro dia de aula, segundo ano da graduação de Jornalismo. O professor entra na sala de aula com uma TV 29 polegadas e um aparelho enorme de video cassete (estamos em 1984).

Vamos assistir um clássico de western de John Ford com o astro John Wayne. Que beleza de aula, sessão de cinema. Inicia o filme.

O professor alega compromissos na diretoria e vai se ausentar por 30 minutos. Ao retornar, ao entrar na sala desliga a TV e pergunta para um aluno com cara de intelectual na primeira fila, qual é a côr da camisa do John Wayne. Meu colega, pego de surpresa com a pergunta diz que não reparou no detalhe. O professor pergunta ao segundo aluno, uma menina linda que eu e dois colegas já havíamos eleita a musa do semestre. Ela nem imagina qual era a côr...da camisa do John Wayne.

O professor já contrariado com cara de poucos amigos e desanimado vem em minha direção, minha taquicardia tá a mil mas passa reto e volta, xingando todos na sala de aula.

Que espécie de jornalistas são vocês? O que estão fazendo aqui?

É o professor Araújo, que depois virou nosso guro. Era o cara.

Ensinou a turma a analisar filmes como críticos profissionais. "O western reflete um momento histórico, não são apenas filmes de sessão da tarde", dizia em suas aulas.

Agora víamos filmes como obras de arte,estudando a direção, elenco, produção, direção de arte, cenografias, etc. Quando chegava o Festival de Cinema de Gramado, ele liberava todos. Alegava que uma semana em Gramado valeria como um semestre da graduação.

Na serra gaúcha, à noite os filmes são exibidos e na manhã seguinte ocorrem os debates com o diretor, elenco, produtores, todos no Palácio dos Festivais. E no meio de tudo, grandes festas, a gente tinha acessos a quase todos os lugares, uma loucura.

Após as apresentações do diretor e toda sua turma, ocorriam os debates que eram abertos às perguntas ao público em geral mas quem era o astro principal? O professor Araújo.

Ficávamos observando ele, escrevendo e rabiscando sem parar.

Ele arrassava. Suas perguntas impressionavam diretores, atores globais e a imprensa especializada.

Num desses debates, ele estava quieto, escrevendo, escrevendo. Até hoje não tenho certeza se foi Hugo Carvana ou Reginaldo Farias que incomodado com o silêncio do mestre, perguntou, onde está o professor? Não vai perguntar nada hoje?

Era o cara.

Ele foi O professor da graduação.

Não sei onde anda nem se ainda vive, mas foi nosso mestre inesquecível. Foram três anos de festivais. Era uma festa. Você poderia beber ótimos vinhos, cervejas, comer um "Kikito" de chocolate ou comprar camisas com belíssimas estampas.

Por falar em camisas, a côr da camisa do John Wayne era vermelha, cor do sangue, que representava a violência do velho oeste...segundo o professor Araújo...

Até hoje vou a Gramado, quando posso, nos Festivais de Cinema ou pelo prazer de passear. Acho que nesse 2022 o Festival promete ser um dos melhores, depois da pandemia. Vou me programar e recomendo para os amantes da Sétima Arte...e público em geral.

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