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A Paz Nossa de Cada Dia

Atualizado: 27 de out. de 2021

A paz invadiu meu coração e de repente, me encheu de paz, diz Gilberto Gil e, convenhamos, trata-se de uma das sensações mais elevadas do ser humano. Estar em paz consigo e com o mundo é estar "dentro", no universo. Peça essencial para o bem estar, ela é marca registrada nas palavras do Evangelho e livros de auto-ajuda. Irmã da felicidade, a paz exige o entendimento da palavra "Evangelho", que significa anúncio alegre e aproveitando o momento teológico, lembro ainda que Jerusalém significa "A Cidade da Paz".

Já escrevi dizendo que Jesus é meu amigo e quero separar Ele de "religião". Tenho um parente que vai na missa todos os dias mas o ambiente em sua casa é um horror. Amor ao próximo passa longe daquele lar, e não sei exatamente qual a religião do distinto. Parece que chega saciado da Igreja num segmento desconhecido, não entendendo as palavras de Lucas.

Quando Lucas se refere ao termo "saciado", não quer lembrar do rico no sentido material, mas espiritual, à irmandade, reconhecendo todo indivíduo, o tal amor ao próximo. Não adianta ficar uma hora rezando e chegar em casa ou no trabalho e brigar com todos por motivos banais.

Ora, nossas vidas mostram nossas identidades em suas faces íntimas, e claro, em nossas casas, com a família e os amigos. E o humanismo quer, e exige sua parte nesse latifúndio. Lembrando que o Humanismo começou a ter representatividade com os gregos e romanos já na antiguidade. Assim, o conceito humanismo seguiu a história com várias interpretações. O humanismo dos estóicos por exemplo, (e que já citei inúmeras vezes aqui), o humanismo da Renascença e por aí vamos, deixando a vida nos levar e renascendo todos os dias. Sempre em procura da paz.

Se ela, a Paz, é uma filosofia de vida, então difere de algumas religiões, senão de todas. Como o humanismo renascentista que tinha uma nova atitude e imagem do mundo. Um novo estado espiritual e, mais, os fenômenos naturais eram vistos como, diríamos, caminhos para a própria natureza. Gosto de inserir outras vias para que certos cristãos percebam o revés que causam com suas atitudes de autoritarismo ultrapassado, que apenas afastam novas gerações do cristianismo. Fica uma imagem de uma igreja ou religião que pune, triste.

E a paz, mais e mais distante.

Como dizia o pagão Uhtred da série "O Último Reino", como é triste o Deus Pregado. Transparece uma imagem deturpada. Não é isso, nada disso. O Mestre dos mestres quer nossa felicidade, basta ler suas palavras como "onde são felizes os que promovem a paz". Mesmo porque quem promove e incentiva a paz, segue caminhos coloridos onde a Educação permeia a empatia. O olhar ao outro. O problema, um deles, é que se somos individualistas, a pandemia se agravou pelo isolamento, apesar da solidariedade ter garantido um espaço mais representativo. Mas as insatisfações também. Na década de 2000 a 2010, cerca de 12% não estavam felizes com seu trabalho e atualmente, apesar do desemprego, o número foi para 58%. E o pior, é que com o desemprego, ainda não temos Educação, primordial para ascender na vida social.

Porém, a crise do coronavirus não é a primeira, nem será a última, já passamos por crises econômicas, pragas, HIV, etc. E agora passamos por um novo normal, como dizem os especialistas. Já disse e tenho certeza que com as vacinas, o "novo" vai desaparecer ligeirinho. Em minha opinião, sempre bom lembrar né...

Mas enquanto isso, onde está a paz? Quem sabe, essas novidades da pandemia com suas mudanças possam elevar a sensibilidade, que também faz parte da família pacífica.

E sendo otimista, quem sabe com novos trabalhos.

Como seria bom se todas essas vias seguissem em nosso coração, àquele coração coberto de paz do Gilberto Gil.

Como diz a velha frase, estar em paz não tem preço nem classe social. Nossos dias são e serão melhores quando a paz invadir nossa alma e nossos corações. Uma das Bem Aventuranças sugere que serão felizes os que promovem a paz, então, bora lá.

Frei Betto dizia que "A felicidade deriva no empenho da construção da paz, na capacidade de praticar a misericórdia e não guardar iras e ressentimentos". Vou ser honesto aqui, eis aí um problema na construção da minha paz, luto para deslizar ressentimentos, mas alguns ainda permanecem no âmago do meu ser. Azar o meu. Tento apagar essas "ronhas" e muitas se perderam nas linhas do horizonte, porém algumas ainda circulam em partes do inconsciente. Mas não desisto, "vamo que vamo".

A arrogância derivada do poder trava esses horizontes, mas infelizmente faz parte de nosso cotidiano. Mais, alguns vivem agarrados na arrogância e confundem com espectro de superioridade. Eu quero é a paz e vou procurar como construir essa aventurança. Onde estão as origens das construções da paz? Quero cantar como Belchior, "não preciso que me digam de que lado nasce o Sol, porque bate lá meu coração"...olha aí, já é um caminho para encontrar a paz...

Enquanto isso, Gil segue..."a paz, fez um mar da Revolução", e conclui dizendo, ou melhor, cantando, que pensou nele, em ti, em nós...eu chorei por nós...

Em época de Natal, recomendo o filme "Ebenézer Scrooge" baseado na obra de Charles Dickens (versão 1970), no YouTube. O rabugento Scrooge "revê" sua vida, suas sombras do passado e percebe o quanto foi mesquinho. É aquela mesma história que a Disney produziu alguns anos atrás, "Os Fantasmas de Scrooge".

Tempo de rever e aprender que o materialismo pode despedaçar dias felizes, amorosos, ou uma existência plena com muita...paz

96 visualizações1 comentário

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1 Comment


williakatia
Dec 17, 2020

Ótima reflexão sobre o que nos tornamos e quão difícil é encontrar a paz nesses dias. Parabéns!

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