Moro em Florianópolis, fui às 10h a Balneário Camboriú para resolver questões bancárias e à tarde já tinha voltado. São 90 km.
Consegui ainda ir na sauna de um clube onde fiquei sócio recentemente aqui na capital catarinense. Estou conhecendo novas pessoas e tentando entrar num grupo de futebol society. Um amigo me convidou para jogar às Segundas e Quartas, fui lá me apresentar e ficaram de confirmar se posso entrar no grupo (acho que vão analisar meu "currículo").
Bom, depois fui para sauna pois ficou tarde para dar umas braçadas na natação. 1h30 naquele calor sufocante (quando vão colocar um ar-condicionado na sauna?), e aí sim, chega a melhor parte.
O Bar. Sim, com "B" maiúsculo.
Resolvi saborear algumas taças de vinho, que novidade. No bar, ops, no Bar, fico sabendo que deu briga no jogo dos "véio" de 50, 60, 70 anos no tal grupo onde pretendo mostrar meu futebol...ai, ai, ai, ai, ai...
Depois vibro com o Palmeiras, que venceu o Botafogo mantendo o Inter longe da chance de chegar ao título de um campeonato onde venceu pela última vez...no feudalismo.
Que maravilha.
Depois de tomar a saideira, mais uma taça de vinho, estava indo embora mas vi um ginásio do clube com uma partida de campeonato infantil. Times, torcida, pais inflamados, gritaria e minha mente volta aos meus 10, 12 anos de idade.
Estou feliz, não sei se é pelo vinho, pelas novas amizades ou a recordação da minha pré-adolescência. Senti saudades do meu neto que mora em Salvador(BA) e espero ver ele em seus jogos.
Foi um dia "abraçado".
Abracei vários momentos e entendi o que Michel Maffesoli quis dizer ao afirmar que se damos valor e significado a todos os instantes, então a eternidade está justificada. Foi um dia que abracei os instantes, inclusive os ruins, pois quando percebi as portas fechadas, elas estavam assim por minha culpa.
Não somos nós mesmos que lacramos algumas malditas portas? São outras pessoas que fecham?
Ora, não posso permitir que o outro retire meu desejo de agradecer meus dias.
Qualquer dia. O que importa é que estou feliz com minhas lembranças, e vejam só, fico triste por aqueles que não passaram por isso e se frustram por suas vidas com seus filhos (ou por não ter filhos), irmãos, netos, namoradas...
Não deveriam, cada qual tem seu destino, suas jornadas.
Em minha infância, jogava futebol na AABB em Santa Maria, na frente da minha casa onde até hoje moram meu pai e um irmão (minha mãe morreu há seis anos, meu irmão mais velho, O Vitor há 3 anos e em Janeiro desse ano, meu irmão mais novo, o Volmar, com 53 anos de idade).
É a vida...ou a morte.
Por curiosidade, para aqueles que não conhecem Santa Maria, minha casa fica na mesma quadra da maldita boate Kiss.
Mas voltando ao hoje, com meus 60 anos, quero dizer que estou emocionado pelas lembranças da minha infância e com a turminha do futebol. Porém, vendo os meninos na disputa quase profissional, pergunto aos seguidores e psicólogos até onde a disputa é válida.
Até onde vale a pressão nos meninos?
Até onde é salutar a competição?
Até onde pode ser prejudicial?
Afinal, eles têm muitos anos pela frente. Na CEF de Balneário Camboriú onde ainda tenho minha conta, fiquei conversando com minha gerente, uma curitibana de 40 anos sobre o stress em seu trabalho (tinha ido a capital paranaense para votar no dia anterior e "aproveitou" para tomar soro no hospital...nervosa, emprego, etc). Sendo da República do Paraná, deve ser...bom, vamos mudar de assunto...
Lembrei quando me perguntam se gostaria de voltar no tempo, para meus 20, 30 anos e categoricamente digo que não, não mesmo, está bom aqui, tenho tempo para ler ( falta pouca coisa de Dostoiévski), e acho que um furo é apenas um ponto no futuro que começa a jorrar, como disse Raul Seixas em seu derradeiro disco "A Panela do Diabo".
Talvez essa seja a natureza humana.
Natureza humana? Sim, ela quer representatividade, é biológica e espiritual, seus conceitos corroboram com o Humanismo que integrado com o Renascimento interferiu no antigo teocentrismo da Idade Média.
É amigos, Malafaias e Waldomiros são tataranetos da trágica igreja medieval.
Tempos distantes, instantes de uma época que comprovam a teoria de Maffesoli e do dia que resolvi abraçar em quase todas as 24 horas.
Só não vou comentar, embora o texto esteja muito bom, pela secação em relação ao meu time.
A vida é assim mesmo. Ou se aproveita a vida no hoje, do nosso jeito, com nossas convicções ou ficamos na mesmice dos dias passando. E não sabemos o que nos espera no dia de amanhã….