Antropologia Condicionada
- cocatrevisan
- 9 de mai. de 2022
- 2 min de leitura
Até a antropologia está inserida nos processos ideológicos que condicionam indivíduos, e mais, como faz parte, exige participação no debate das violências culturais. A antropóloga norte-americana Ruth Benedict(1887/1948) acrescenta que nos processos culturais, a antropologia insere as sociedades primitivas, auxiliando na compreensão do indivíduo pós-moderno.
Ruth confirma que "com seus processos e funções a cultura é um tema sobre a qual precisamos ter acessos", e sendo assim, a disciplina esclarece como adquirimos hábitos, inclusive aqueles ideologias impostas.
Uma via alternativa de configurar a indústria cultural não é mesmo?
Porém, como dizem que sou obcecado pela indústria cultural (e sou mesmo), também lembro da teoria da complexidade de Edgar Morin, unindo disciplinas para um mesmo conhecimento. Ora, fica confirmado que a antropologia merece seu quinhão.
E vejam só, os antropólogos sempre tiveram restrições a história dos "vencedores", mas por sua vez, os historiadores se resignam com a veracidade que a antropologia permite aos relatos orais, onde algumas tradições são até mesmo inventadas.
Sempre foi assim, pois se nossos ancestrais olhavam seu tempo sem perceber o mundo "lá fora", a humanidade corre o risco de ficar à deriva. E hoje, no mundo pós-moderno?
Com toda a evolução, quase ocorre a mesma esfera, pois não parece que o homem do século XXI seja mais humano que outrora.
O sociólogo Stuart Hall resume a crise da identidade do homem pós-moderno com total clareza e segue evoluções em nossos comportamentos diante das teorias de Freud, Foucault e dos movimentos sociais dos anos 60, mudanças sociais que transformaram nossas mentes em conluio com as culturas massificadas. É, a antropologia está no processo, e que temática empolgante não é mesmo? E reveladora...
Com consultas aos nossos antepassados, vamos configurando nossos costumes, inclusive nosso comportamento condicionado. Clifford Geertz em seu clássico "Nova Luz sobre a Antropologia", diz que estamos diante de uma guerra cultural e se a antropologia gera seus conflitos, está ao mesmo tempo "comprometida com uma visão global da vida humana". Tanto é verdade que Geertz associa a questão da identidade da mesma forma de Stuart Hall, com os conflitos massificados envolvidos com a antropologia.
Onde os segredos são engolidos por tumbas centenárias com seus ecos ressoando ao nosso redor. Sendo mais didático, há centenas de anos passados não haviam talheres, banheiros e até a infância não é a mesma que temos hoje.
E nossa mentalidade psicológica vai respondendo à sua época, valorizando ideias correlativas. E doutrinas impostas...
Ah, e junto o...poder, sempre ele né, sempre representado e desejado. Talvez aí esteja a relevância da antropologia, ela ressignifica conceitos e serve como arma a disposição, tanto do bem como para o mal, demonizando aqueles que se consideram arianos.
A escritora franco-alemã Géraldine Schwartz lembra em seu livro "Os Amnésicos: história de uma família alemã", os denominados Mitläufer, conceito alemão para aqueles indivíduos com tendências nazistas que se esconderam no pós-guerra. Na edição de "Quatro Cinco Um"(56), Paulo Roberto Pires prevê certas semelhanças com o possível Brasil pós-22. Ele não esquece as manipulações de memórias de cultos que avançaram até mesmo à tortura, e morte.
A barbárie "teve como sólida pilar a vasta e silenciosa multidão que se refugiou na omissão", acrescenta Pires.
Trabalho para a antropologia cultural e condicionada...
コメント