O colunista Humberto Brito da "451" desenvolveu uma tese surpreendente.
Aliás, a tese surgiu de forma inesperada para ele próprio.
Dizia ele que anos atrás perguntou para dois primos o que esperavam de seus futuros.
Um despejou sonhos esperando uma existência especial, glórias e fama, porém, o outro, e agora vem a teoria, disse que não desejava nada além de uma vida medíocre(medíocre no sentido de nada fora do normal).
E sua resposta trouxe o espanto, " não, não quero nada de especial, não entendo essa preocupação".
Interessante.
Curioso.
Verdade que ameniza ansiedades mas pode sugerir uma certa alienação.
Talvez...
Talvez ele tenha uma jornada mais feliz daqueles que correm desesperados atrás da fama fazendo qualquer sacrifício para ser "especial".
Pois é, e agora...
Fico quieto, na minha, ou passo por cima do concorrente...
E não posso dizer que se trata de uma luta entre capitalistas, socialistas ou comunistas, pode significar que o comunista não tenha ambições.
O que certamente, não concordamos, ora, mesmo o socialista mais radical almeja lucros em suas empreitadas.
O foco...aqui...é outro...
Existencial.
É de se pensar quando estamos alegres ou tristes, satisfeitos ou ansiosos entre sapos e pirilampos.
E...baratas...
O próprio Humberto cita Kafka lembrando seu famoso personagem que prefere se transformar numa barata porque não suporta mais sua vida medíocre.
Segundo Humberto, Gregor(a barata) "vive rodeado de parasitas, a bem dos quais se deixa tratar como um verme, e portanto, no que já era".
Quantas vezes não queremos levantar da cama.
Quantas vezes preferimos ser uma barata latina-americana invés de ser humilhado.
Fugir de opressores algozes.
Ser um enorme verme, talvez aqueles mesmos de Machado de Assis.
Aqueles que vão saborear minhas carnes.
Desgraçados.
Eis o perigo de ficar quietinho, deitado no sofá, mas não adianta, os boletos chegam e aí, pode ser tarde. Não sei para que, talvez o primo acomodado até oriente minhas fraquezas, ou fortalezas, já não tenho mais certeza.
Enquanto Humberto Brito desenvolve peculariedades de cada vocação (ou não vocação), acrescento a paz no debate. Estar em paz ultrapassa o âmago do ambicoso radical e mesmo do solene rapaz que sobe as paredes com seus inúmeros pezinhos.
Qualquer que seje sua decisão, a paz pode definir o andar da carruagem, dos pulos dos sapos e pirilampos e das jorndas dos homens e...baratas...
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