E passaram mais de dois mil anos.
E passaram milhares de falsos profetas.
E passaram centenas de Ananias, Judas, Reis loucos, Hitler e por aí vai, a lista é longa, até chegar a Edir Macedo, Malafaia, Waldomiro e...padre Kelson.
Mas quem lê a carta de Paulo aos coríntios sabe que "pregar o Evangelho é distinto de arroubos de oratórias".
Diferente de falsos e interesseiros profetas que disseminam ódios. Onde seus interesses estão escondidos e camuflados e enquanto não houver discernimento (ô palavrinha dos céus, deveria ser estudada, pesquisada, debatida, etc), os arroubos de discursos distorcidos vão seguir em bocas malditas.
Como fazem os formadores de opiniões com seus processos de comunicação.
Na Guerra Fria a divulgação de oratórias divulgava ideologias e quando Jorge Amado e Pablo Neruda eram ícones e "comunistas perigosos", a frente ocidental criou o Congresso pela Liberdade da Cultura(CLC) com representantes em 35 países.
Uma luta conservadora e anticomunista, patrocinada por quem?
CIA, é claro.
E os arroubos de discursos se espalham de formas estranhas para não dizer ideológicas, impostas.
Como o conceito "globalização", sugerindo um mundo mais unificado.
Ah tá, reduzindo culturas milenares para o bel prazer de grupos econômicos com tantos discursos polêmicos que já nem sei mais se sou o bêbado ou o equilibrista.
E eu aqui, tentando entender conceitos consagrados por discursos malignos, principalmente no campo político e, pasmem, religioso.
Evangélicos fervorosos agora batem continência em frente à quartéis e outros cantam o hino nacional para pneus em chamas da escuridão enquanto o poder dos arroubos das oratórias expandem imagens ridículas.
Vai ser muito difícil para professores explicarem no futuro o que foi esse "movimento". Como explicar protestos que pedem um golpe político com oratórias inexpressivas, ilegítimas?
O filósofo Francisco Bosco lançou um livro muito esclarecedor esse ano abordando os últimos conflitos políticos no Brasil. Ele fala no impeachment da Dilma, Olavo de Carvalho, o avanço evangélico, enfim, busca luzes para "O Diálogo Possível", nome de seu livro.
Sugere a possibilidade de diálogos mais acessíveis em tempos de polarização.
Uma polarização que só emburrece o indivíduo com equívocos históricos e conceitos distorcidos entre socialismo e liberalismo, como diz Bosco.
E fica pior, pois todos os dias escuto o perigo do Brasil virar comunista.
Reais arroubos de oratórias, não é mesmo?
Ora, até a Revolução Francesa tem na literatura questões indefinidas. Um extremo dizia que a revolução foi política burguesa e outra que foi uma explosão de mudanças libertárias "anti-despóticas".
E as confusões recrudescem na pesquisa da história. Não diziam que a Primeira Guerra Mundial seria a última, que acabaria com futuros conflitos?
Esqueceram de avisar os loucos generais. Até nossa proclamação da República não escapa do debate, afinal foi proclamação ou golpe?
A verdade já nem é mais importante, as pessoas estão integradas em grupos recebendo seus benefícios pessoais.
Para ficar mais claro, um grupo de gremistas não aceita um colorado, assim como adversários políticos.
Talvez o mais relevante seja que o diálogo possível de Bosco possibilite oratórias mais racionais, diminuindo a atual polarização e relembre as desavenças entre PT e PSDB, onde pelo menos nunca vimos loucos cantando o hino nacional para pneus com suas labaredas do mal.
Paulo já mostrou no Evangelho que discursos e oratórias podem, e devem, divulgar palavras essenciais e não arroubos destruidores...
Lembrou Brizola: "A quarta guerra mundial será com pedras e paus".