Concordo. A palavra resiliência já saturou, virou figurinha carimbada mas continua circulando nas rodas de bar, do trabalho e até nas rodas gigantes.
Se vivemos tempos complicados, recorremos à resiliência.
Para conviver com um governo insano, resiliência.
Para enfrentar pandemias, resiliência.
Alguns, não, não...muitos vivem por dinheiro, não por necessidade ou vocação, mas pelo culto ao poder que o capital promete. Uma religião.
George Orwell (1905/1950) resume o amor ao dinheiro: "na verdade, mesmo não tendo dinheiro, eles vivem mentalmente no mundo do dinheiro, o mundo em que o dinheiro é virtude e a pobreza é crime". Porém, esse indivíduo verá sua alma dolorida e sem liberdade, pois está comprometido com o dinheiro.
Orwell narra a vida de personagem engolido pelo dinheiro numa época cinza, destruída por duas guerras mundiais mas que pode se referir a qualquer fase histórica. O dinheiro impondo ideologias como Marx dizia "toda ideologia é o reflexo de circunstâncias econômicas ".
Não tem jeito.
E lá vamos nós, todos, atrás da desgastada resiliência. Em sua "República", Platão sugeria um governador que não tivesse interesse em governar, mas infelizmente isso não existe. Todos desejam semear suas aspidistras. Taí, falando em George Orwell, encontrei um conceito para substituir a abusada resiliência. É Orwell que me revela a aspidistra.
Aspidistra.
Aspidistra? Mas o que é isso?
Um símbolo, a flor da Inglaterra, uma planta que sobrevive a ambientes inóspitos e mesmo distante do sol, cresce com vigor impressionante .
Quem não quer vestir a carapuça de uma aspidistra? Conviver com ela, contar com sua virilidade.
Ter dois pés para cruzar a ponte agarrado numa aspidistra. Não vai ter para ninguém. Que beleza.
Me lembrei do Irmão Bruno do Colégio Santa Maria que fazia nós, crianças, cantar "pelos caminhos da vida nunca sozinhos estas, ó vem conosco vem caminhar...".
Cada um com suas aspidistras.
Para mim, um café de manhã, e um bom vinho a noite, em casa ou nos bares, escutando Bob Dylan, servem como autêntica aspidistras.
Um furacão (Hurricane), música clássica dele que escuto há 40 anos.
Exemplo de aspidistra cultural, existencialista, quanto às aspidistras ideológicas, são aquelas que despertam a consciência do brasileiro e do rapaz latino-americano.
Um povo que bate continência à bandeira dos Estados Unidos está muito distante de compreender o imperialismo pós 64, não é mesmo? Falar em imperialismo em 2022? É, o que fazer...o baile segue...
Ora, em 64 a ascensão da burguesia industrial recrudesceu seu poder e quando ela necessitou da aliança da elite burguesa "dependente", tudo ficou mais fácil. Para eles.
Evidente que setores nacionais se beneficiam com esta situação, para esses, cantar o hino ianque faz parte, triste é ver o infeliz que está quebrado, (mas acha que está dentro do grupo.)
Cantando em voz alta ao lado de seus credores..
Será que é muito difícil entender que o processo imperialista sequestra o oprimido? E com apoio de uma mídia corrompida?
Ah, que falta faz a aspidistra.
Mas não adianta, o manipulado é resiliente...ops...aspidistra...
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