Brasildanga

Lima Barreto revelou uma República Velha onde poderes usaram influências para passar a seus descendentes a sequência da fartura exclusiva.

Isso é passado.

Não existe mais nenhum país no mundo onde seu presidente tenha quatro filhos usufruindo benefícios políticos e econômicos não é mesmo?

Muito menos "ministros que encarecem o açúcar, (poderia ser a gasolina ou a carne), no mercado interno conseguindo com isso vender mais abaixo do preço da usina aos estrangeiros", conforme as denúncias de Barreto.

Ou ainda incentivando privatizações para que não "roubem" mais. Até parece que não há corrupções nas corporações privadas (com isso não estou confirmando que as públicas são corruptas). Dessa forma, a velha, atual, perigosa, nefasta e tudo mais que se refere às indústrias culturais, também tem sua representatividade garantida em Bruzundanga.

Lá vivem indivíduos que "não há como discutir com eles porque todos se guiam por ideias feitas, receitas de julgamentos e nunca se aventuram a examinar por si qualquer questão", diz Lima Barreto.

Na contra-capa do livro "Os Bruzundangas", de Barreto, da editora Principis, fica registrado que a elite do atraso é antiga:"é a partir dessa brincadeira que Lima Barreto coloca a nu a elite medíocre da Primeira Republica", um país fictício mais real que possamos imaginar. Mas em Bruzundanga, o povo é "letrado", não cai na propaganda das mídias malditas, eles têm escolas exemplares onde não há discussões.

Em Brasildanga o (des)governo quer a volta da disciplina "crítica" OSPB (Organização Social e Política do Brasil), onde os filósofos não entram pois podem comer criancinhas.

Os vira-latas também não são novidades. Já algum tempo, um dos doutores mais conceituados de Bruzundanga retornava da Europa trazendo do Velho Mundo grandes sabedorias. A economia estava salva.

E quando Karpatoso, esse era seu nome, constatou dificuldades em seu ministério resolveu o problema pois "três dias depois aumentava do triplo a taxa sobre o açúcar, café, farinha da mandioca...".

Lembrei de uma loira nobre de um programa na TV do Rio Grande do Sul, de controle de religiosos que amam o próximo (diante de pequenos dízimos), cuidado com a esquerda, estão tentando unir a América Latina. Sim, mas é isso mesmo, ou é melhor entregar o Pré-sal?

Incrível, são sete, oito Karpatosos no programa e pior, tem seguidores que seguem a equipe dos samurais do inferno.

E argumentam alertando o perigo do comunismo. Onde? Na América Latina?

Evidente que desejamos unir a América Latina, somos latinos, loira "ianque".

Porque uma loira bronzeada fascista berra como uma doida e um professor, doutor em Comunicação como Juremir Machado é demitido? Ora, seus patrões das mídias malditas são empresários evangélicos que apóiam o governo, simples assim.

Verdadeiros impérios econômicos e ideológicos, exceto religiosos. Jessé Souza esclarece os interesses: "como as relações de dominação entre as classes sociais são baseadas na reprodução de privilégios de nascimento e permanecem literalmente invisíveis para a classe das pessoas". E o sistema, tão sutil, inova, e faz pobres condenaram pobres.

Mais didático que isso, impossível.

Enquanto isso em Bruzundanga o ministro dos Estrangeiros era adorado, pois trazia convidados da Europa, atitudes que os vira-latas adoram.

Para esses, participar de um "cercadinho" ridículo, significa estar incluído. Já em Bruzundanga (ou Brasildanga), o ministro da Educação tem um currículo invejável com participações em "Malhação" e retira porcentagens de sociologia e filosofia da grade escolar.

A Loira da TV Pampa agradece o enfraquecimento das instituições tradicionais como centros culturais, museus, teatros e cinemas alegando que são instituicões de doutrinas esquerdistas...tá loko...

E para defender o acordo do governo com o Centrão, afinal agora é necessário, é devido a crise econômica, pandemia, etc. Ah tá!

Lima Barreto se revira em sua tumba enquanto os jornalistas fascistas abusam da teoria da Comunicação do agenda setting, um agendamento dos magníficos das mídias malditas. Eles escolhem as notícias mais relevantes. Relevantes para quem?

Assim como em Bruzundanga, em Brasildanga é complicado debater com pessoas que seguem ideias prontas e agendadas.