Dois anjos que passaram pela Terra conversavam, um dizendo que ninguém sofreu tanto quanto ele. Tinha sido escravo, foi para a guerra, passou fome, enfim, teve uma vida miserável.
O outro era só alegria, foi feliz com sua família, viajou, curtiu, foi mesmo feliz, muito feliz.
Apesar de existências opostas ambos sentiam saudades do Planeta Azul, até mesmo o infeliz anjo.
Tinha confiado Nele pois "passei por muitos sofrimentos, mas preserva minha vida Senhor, conforme sua palavra"(salmo 119, 107).
Enquanto conversavam perceberam outro anjo, mais infeliz ainda, pois este nunca pisou o planeta amado por Edgar Morin. Nunca este aqui. Aqui onde estou, eu, o feliz, o infeliz, todos...
Aqui.
Agora.
Hoje.
E se atualmente estou numa boa, e você também, tudo certo, mas se o mometo é "daqueles", lembre que o filósofo Sêneca que disseminou o estoicismo e o carpe diem,fora escravo.
E ainda não tem aquele que tem de tudo mas não tem nada. Sempre dizemos isso.
Desperdicou sua glória material e viu o tempo dobrar às esquinas e se perder por aí...
Seu "aqui" foi insignificante.
Passou por aqui mas não percebeu, o homem sem cabeça.
Enquanto isso como o terceiro anjo que não era um morto-vivo nem um vivo-morto desejaria dar uma voltinha por essas bandas. Pagaria qualquer fortuna para cantar com o Tambo do Bando "Terra não me deixe agora, eu quero me redimir...".
Queria estar aqui.
Aqui.
Agora.
Hoje.
O escritor Rui Tavares escreveu um livro chamado "Agora, agora e mais agora", lembrando uma frase que sua bisavó sempre dizia depois de ter tido um AVC, provavelmente sem saber onde estava.
Mas nós sabemos...
Ainda...
Todos, ou quase, o alegre e o triste, o Rei Nabucodonossor e seu servo Daniel.
Cada um vivendo com seu jeito, à sua maneira.
Como Elvis Presley cantava em "My Way"...sim, eu tive aqui momentos , tenho certeza que voce sabe, mas enfrentei tudo e quando havia dúvida, eu acabava com ela".
É, Elvis não morreu.
Daí lembro da última visita que fiz na casa de minha filha, eu e ela debatendo teorias, algumas perfeitas outras absurdas, quando o Coca neto(Vicente) de 7 anos destrincha sua frase filosófica, "mãe, cada um que me aparece...
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