Em "O Mapa e o Território", Michel Houellebecq relata uma situação inusitada onde faz os homens mais sensatos repensarem seus ações.
Situações surreais são mais normais que pensamos. Um personagem segue seu caminho quando percebe um certo movimento em frente à uma funerária. Ao lado, um bordel com poucas pessoas. Pois é amigos, onde você entraria? Lá né...eu também. Que coisa.
Que estranho, onde há somente caixões o entra e sai está movimentado enquanto o bordel...vazio.
Talvez seja por tais motivos que meus caminhos me levam aos bares e mesmo bordéis, onde as meninas são muito animadas e simpáticas.
Aliás, como são simpáticas. Bom, claro que prefiro entrar num bordel do que numa funerária, quem não prefere as meninas do que um recinto só com caixões, uns até bonitos mas quero ver essa beleza longe de mim.
Muito longe. Ora, até parece que a sociedade está morrendo, visitar funerárias, tá loko. Não é mais salutar tomar "umas" nas gurias?
E vou beber lá...até morrer.
Fico imaginando um bordel com caixões nos lugares das mesas, vampiras nos servindo garrafas de sangue...tem seco, branco e doce.
Ah, e no Bordel das simpáticas, tem caixão com ar-condicionado para transar numa boa, que beleza.
Tá bom, vai, uma beleza funesta mas estamos viajando com o autor francês da hora, segundo o melhor colunista gaúcho da atualidade, o professor Juremir Machado.
Mas voltando ao horripilante (mas agradável) bordel da morte, ou melhor, da vida, as streapteases dançam em cima dos caixões. Nesse local é preciso saber viver e não temer a morte, ou vice-versa. Quer a morte, mas a morte morta, vá ao recinto ao lado. Porém, já vou avisando que se preferir entrar no bordel, vai sair de lá feliz da vida, ou da morte, enquanto da funerária, só Deus sabe.
A decoração do bordel é linda, muitos quadros da arte egípcia, afinal trata-se de uma arte pós-morte. Até acho que tais pinturas deveriam estar nas paredes da funerária, mas pensando bem, melhor deixar no bordel mesmo, pois como apóio a complexidade de Edgar Morin, vamos unir a morte com a vida ou a vida com a morte no bordel da vida...ou da morte.
Para frequentar nosso querido local, temos que ter a coragem de Sócrates e não duvidar dos limites humanos e extraordinários, com um realce no extra.
Mesmo porque a filosofia, sociologia, etc, revelam que somos angustiados porque somos mortais e todos devem sofrer para entender a vida terrestre. O sofrimento faz parte do cotidiano e mais, segundo os especialistas, é necessário, tá loko.
Quer sofrimento mais explícito do que um bordel com caixões? Imagine, no segundo vinho, quando a lucidez já não está racional e agora quem me controla é minha maluquez, com as lindas desejando meu dinheiro, ops, meu amor, e se transformando em vampiras, me mordendo (meu corpo e meu bolso), com aqueles dentinhos pontiagudos.
Como diz o gaúcho, mas que baita bordel, e se eu não morrer na primeira visita, vou virar sócio com título patrimonial. Pois como os filósofos gostam de afirmar, se tudo favorece ao sofrimento, então busquemos prazeres com as simpáticas não é mesmo? Não fiquem bravas comigo amigas, trata-se de uma dedução lógica.
Mas o encanto termina quando Frankenstein chega, todo garboso.
As meninas ficam em êxtase com o figurino do rapaz, cabelinho pretinho, parafusos nas faces e retalhos na cabeça. Não sei o que as vampiras enxergam nele.
Nesse bordel muito louco com seus caixões pretos, Frank é o cara.
O monstro das trevas comanda o ninho do amor. As loucas do bordel não querem mais meu dinheiro e o rei do bordel é aquele retalhado.
E sua sofrida solidão termina no famoso bordel. E vejam só, se dependesse do "homem", Frank estaria frito né?
Vendo ele no bordel fico pensando se tudo não é um sonho ou imaginação, mas quando umas coxas lindas se esfregam em mim, percebo que tudo é real, porém não sei se estou na terra, céu ou inferno.
Escutei as palavras do Frank:"ó morte, eu juro por esta terra sagrada onde piso, pelos espíritos que aqui caminham, pelo poder superior que aqui reina, persiguirei o demônio que tanta desgraça causou, até que um de nós esteja morto". É ele revoltado com Vitor Frankestein, seu criador.
Ele promete agir, afinal agir pode significar não agir, e não fazer nada, às vezes, já é uma ação. Mas aí o problema era do Vitor que não sabia o que deveria fazer. Ora, Frank cansou de esperar e tomou o único rumo possível, o bordel com caixões.
Ainda assim fiquei com a sensação que ele errou de porta, acho que deveria ir pra funerária, ou talvez o monstro seja mais esperto que parece.
Não interessa, pois já duvido da vida e morte (eu e ele), e da verdade, pois se tudo é verdade, a dele também é verdadeira.
E talvez o morto vivo, ou vivo morto, já não sei mais nada, não quero saber, estou na terceira garrafa de sangue tinto e vou ficar até amanhã neste recinto diferente...muito diferente.
Texto muito interessante, sarcástico e recheado de sabedoria nas entrelinhas. Parabéns!