Em minha opinião, Heidegger e Witgeinsten são os filósofos mais "dificeis" de compreender. E justamente por isso suas teorias são fascinantes. Com Heidegger sempre tracei conexões entre o niilismo a uma existência com possibilidades. O mistério do Ser.
Uma existência imaginária, porém com suas "aberturas", uma busca para o novo de todo indivíduo, a nova marca, a nossa presença ou pré-sença(Da-sein), onde Da é o pré e o Sein significando dar. Em nossas jornadas, o descobrimento do "Eu", o nosso empirismo.
Quando participamos de palestras e cursos, não temos a sensação de que tudo é uma repetição, com os mesmos conceitos? e o pior é que é isso mesmo, embora sempre adquirimos algo novo não é mesmo? e aí reside a relevância de tais eventos. Ora, é claro que o professor de História ensina quase o mesmo de seus antecessores, mas sempre surge algo novo. O pintor clássico parece copiar alguém, mas a genialidade de um Monet libera suas fantasias inconscientes e o "diferente" vem à tona. Ainda bem né...
Quantos gerentes ao se aposentar permanecem amigos de seus funcionários? Quantas vezes vamos ao mesmo bar ou restaurante devido ao atendimento ou amizade do garçom? São as pessoas diferentes justificando suas vidas com aquele algo mais. O Ser de Heidegger honrando suas vidas.
Os que se distanciam da mesmice, os que justificam sua presença, os que amam. Aliás, o apaixonado é o último a perceber que está nas "nuvens do amor", enquanto todos ao seu redor já perceberam algo "diferente". Sensacional né?
E quando estamos angustiados ou tristes, temos que aceitar o momento, eles existem e fazem parte do cotidiano, porém não esqueçamos que a cura também existe. Ela também faz parte.
Sempre acreditando no novo, no impossível. São os momentos pessoais, aquela particularidade que vai nos afastar da mesmice. Pois como dizem, se a gente fizer as mesmas coisas, não tem jeito, os resultados sempre serão os mesmos, perpetuando a mesmice.
Raul Seixas cantava "se você correu, correu tanto, não chegou a lugar nenhum, bem vindo, baby, ao Século XXI". Outro gênio.
Dessa forma, veremos que a abertura de Heidegger revelará caminhos de nossas potencialidades. A "abertura" possui três fases, na primeira, a disposição nos lança ao mundo, somos jogados, porém a disposição está aguardando o nosso Eu. Quando o mundo se abre, já compreendemos a segunda parte da abertura, a própria compreensão, e na terceira fase "falamos", expomos nossas ideias.
Então, com disposição, compreensão e nossas falas a abertura do Ser se manifesta.
E por aí vamos ver que a angústia, pasmem, só não faz parte como é necessária em nossas vidas...tá loko.
Ela também partirá, assim como é impossível ser feliz 24h por dia. Nesses entremeios, os sentidos da vida vão dando seus pitacos derrubando decadências. O Ser e o Tempo e o Tempo e o Ser seguem dançando conforme as trombetas das bandas terrenas e celestiais.
Porém, alerto que fugir da mesmice não significa dar total prioridade a ser diferente, mas realçar nossas particularidades.
Ora, todos fazem as mesmas coisas e quase tudo já existe.
Lembram quando éramos adolescentes? queremos fazer parte de grupos (roqueiros, patricinhas, malucos, etc), e acreditamos que vamos encontrar lá nossas identidades. E quando estamos integrados aos tais grupos, o que desejamos? fazer algo diferente...
A abertura de Heidegger exige o Ser de cada um para que todos não caiam na decadência da mesmice. Ficou confuso? bom, assim é a filosofia, mas exemplos podem amenizar a complexidade da temática. Para alguém que procura uma sombra num dia quente, a árvore surge como essência, enquanto o madeireiro "vê" a mesma árvore com olhos bem diferentes não é mesmo?
E assim o baile vai consumindo o tempo. As vezes quero o novo, mas uma rotina de vez em quando também não faz mal, às vezes quero ficar como um bom burguês deitado por horas em meu querido sofá.
Mas alerta para que essa rotina não permaneça por dias, se não a coisa complica. Tudo depende de nossos espíritos...
O que importa é a presença e força do Rei Sol, esse sim, possui uma mesmice de 24horas, ora brilhando no Ocidente ou no Oriente.
A mesmice dele é outra. É sua razão de ser. Ele é Rei.
Deve brilhar sempre, rasgando nossos olhos, a presença dele não é uma mesmice decadente, muito antes pelo contrário.
É uma subida ao mais alto horizonte, é vida, é humano, é tudo.
Ele nos obriga a se mexer retirando nossos medos e tremores. Em 1938, época nebulosa e a guerra batendo nas portas, Sartre ainda tinha esperanças de "despertar, dentro de alguns meses, dentro de alguns anos, alquebrando, decepcionando, em meio a nossas ruínas? Gostaria de me entender com exatidão antes que seja tarde demais".
O Sol resistiu à guerra, Sartre também e o mundo ressurgiu dos escombros. Era momento de reconstrução esperando que a mesmice das guerras dessertassem para outros planetas comprovando que algo novo sempre pode surgir...
Belo texto! São essas crenças no novo ao colorir o velho que nos faz continuar a sobreviver. Parabéns!