Quando digo que histórias em quadrinhos (HQ), Agatha Christie e Arthur Conan Doyle formam literatura filosófica e existencialista, alguns discordam.
Puro preconceito.
Em "Um Caso de Identidade" Sherlock Holmes destrincha frases que fazem o leitor ler duas vezes para entender seus conceitos.
Sherlock conversa com seu inseparável assistente Dr. Watson quando diz que o "observador contém a essência vital de toda a matéria. Afinal, não há nada tão antinatural quanto lugar-comum".
Como diz o outro, peraí, como é que é?
O observador possui sua essência vital...
Perfeito.
Serve de alerta para o leitor não cair nas garras das mídias malditas, ora, ele tem sua própria essência e seu conhecimento como observador/leitor.
Com a atual tecnologia, as redes sociais e a internet estão em todo lugar com seus formadores de opiniões que arrastam milhões de seguidores.
E tem ainda os influencers e claro, os blogueiros. Portanto, Sherlock avisa, cuidado, somos observadores, temos nossas essências, apesar da opressão da indústria cultural.
Eles querem seu tempo.
Eles querem que livros permaneçam nas prateleiras das livrarias e bibliotecas.
Eles querem que nossos debates sejam aqueles agendados por eles como revela a teoria da Comunicação, Agenda Setting, ou melhor, a Teoria do Agendamento.
Eles querem ver o indivíduo isolado e impotente e pasmem, conseguem seguidores, aqueles que fazem parte da massa...eh ohhh...vida de gado e feliz...feliz?
Eles querem que nossas discussões no cafezinho, no bar ou no trabalho seja quem vai vencer o BBB.
Não querem ver você observando com seu empirismo, mesmo porque não há nada tão antinatural quanto alguém dominado com suas ideias engessadas.
Isto não é natural.
Bom, não deveria.
Nada é tão "vesgo" quanto seguir conforme eles querem. Eles, sempre eles, querem que você permaneça no lugar-comum.
Quieto.
Obediente.
Eles querem nossos olhos embaçados com lentes sujas vivendo sem qualidade, pois assim seguem ditando suas normas.
Suas malditas normas com interesses específicos.
Frantz Fanon alertou, governos servem para coagir e acrescento aqui o vigiar e punir de Michel Foucault. Porém, coação apenas aos colonizados.
Com rotinas como dos "Tempos Modernos" de Charles Chaplin, girando, girando...girando...
Sim, eles querem nos agendar, você, eu e o máximo possível de súditos.
Eles querem que nossas discussões sejam sobre quem vai ficar com quem embaixo dos edredons do BBB.
O alerta de Sherlock está aí...
Aliás, duas frases que servem de tema para graduação, mestrado e doutorado.
Não é a toa que o nome do caso trata de nossas conturbadas identidades pós-modernas.
Sherlock exige, saia do lugar-comum.
Discorde, grite, ouse.
Podem ter certeza, eles não vão gostar.
É Zé Ramalho, é duro tanto ter e dar mais que receber.
Socorro Sherlock, inspetor Poirot e inspetor Bugiganga.
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