Estou revendo a série Breaking Bad desde o primeiro capítulo relembrando o pavor cotidiano do professor Walter e de seu jovem sócio atrapalhado.
Indivíduos com vidas e destinos diferentes mas que o acaso uniu. Se uns preferem viver como marinheiros solitários em águas salgadas outros querem dançar nas grandes cidades.
Marinheiro ou não, esqueça as pedras do caminho, deixa para trás, esqueça os mortos, eles não existem mais...negro amor...
A solidão dos mares ou a mutidão das grandes cidades, cada qual ceifando e curtindo suas preferências.
Serras e cidades.
Júlia Lopes de Almeida descreveu em "A Falência" essas divindades paralelas quando o Capitão Rino preferia o "mar limpo e vasto...e ser isolado" do que viver a onda do povo se esbarrando em calçadas tumultuadas.
O Bem e o Mal revelando suas caras.
A humanidade sofrendo seus reveses.
A humanidade acariciando sua leveza.
Mas Walter está numa encruzilhada.
Ele é um professor de química enfrentando sérias dificuldades financeiras, a mulher está grávida do segundo filho enquanto o primeiro é um jovem com problemas de saúde e suas muletas agravam a difícil rotina do professor Walter que complica de vez quando descobre que está com câncer e lhe resta 18 meses de vida.
Diante tanta desgraça, ao reencontrar um ex-aluno traficante de drogas e que vive de trapaças, Walter vê a oportunidade de ganhar muito dinheiro "cozinhando" pedras de metanfetamina com seus conhecimentos químicos.
A dupla se une e surge uma polêmica?
Qual a diferença entre os dois?
Quem é o bandido, quem é o traficante?
Um já vivia com passos errantes mas o professor era do "bem"...
Dostoiévski deixou no ar a polêmica, temos o direito de matar alguém?
Em Crime e Castigo o autor russo sugere a temática quando seu personagem assassina uma velha agiota.
Claro, assassinar nunca né....
A questão é definir quem entre os dois sócios "é mais bandido".
Complicado.
Agora os diferentes são iguais e estão na mesma situação.
Então...temos o direito de rasgar conceitos e ideologias quando estamos perdidos?
Temos opções quando não há opções?
Nada de novo no front...
E se a morte está à espreita, vale tudo, e as instituições e leis que vão para o fundo dos subsolos.
Quantas vezes diante de injustiças temos o desejo de chutar o balde não é mesmo?
Complicado.
Não dá vontade de esganar a velha agiota de Dostoiévski?
Não dá vontade de matar nosso número 9 quando perde um gol feito?
Complicado...muito complicado.
Os diferentes tornam-se iguais e a luta de classes desaparece.
Alguém já disse que somos todos iguais braços dados ou não...
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