Duplos Contemporâneos
- cocatrevisan
- há 3 dias
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"Conviver com seu próprio duplo" não é moleza, a contracapa de "O Duplo" de Dostoiévski faz o alerta.
Não sei porque lembrei dos ressentidos de Jessé Sousa, para ele os pobres de direita.
Vivem na fantasia e dizem que "penso como o dono da Havan", porém seus boletos dizem o contrário, todos atrasados.
Por que essa gana de pertencer ao alto escalão?
Sim, evidente que melhorar de qualidade de vida é salutar, não entendo é o fascínio do "pertencimento".
Qual a necessidade?
Qual o significado?
Golyádkin, o homem duplo de Dostoiévski quer se sentir incluído, mas é barrado.
Não importa, para Dostoiévski "ele, senhores está aqui, quer dizer não no baile mas é quase como se estivesse no baile...ele está...mais ou menos..."
Que idiota.
Vive com imagens e estereótipos e "passa a enxergar e conviver com seu próprio duplo".
É amigos e amigas, não vemos tais figuras em pleno século XXI?
O simulacro pós-moderno com suas camisas e tênis de marca?
Evidente que gosto de participar de grandes eventos, quem não gosta, mas priorizar uma imagem...
Alguns meses atrás estava numa bela festa regada a vinho do Porto quando uma deslumbrada quis mostrar um doce que era "moda" em Portugal.
Aff, detesto isso e não fui embora porque, bom, tinha os vinhos do Porto...
Além do mais a festa estava realmente muito agradável.
Adoro também aquele churrasco no pátio e aqueles pasteis no bar do Zeca.
Sendo você mesmo, tudo certo, incoerente é o maluco despejar um "outro" de seu âmago.
Nosso gênio escritor russo revela aqui o simulacro doentio da psicologia e tudo indica que Golyádkin não terá um fim salutar.
Os devaneios de Raskólnikov(Crime e Castigo) e Míchkin(O Idiota) estão na mente de Golyádkin.
Os "subsolos" estão à espreita.
E piora.
Surge um sósia de Golyádkin e passa a conviver com ele.
Golyádkin está enlouquecendo pois seu duplo é ele...
Transparecem seus ranços e sua mediocridade, e ele sente pena de si mesmo.
Percebe sua infelicidade.
Sensacional.
Dostoiévski é isso, lembrei de uma conhecida que menospreza amigos e familiares menos favorecidos e faz de tudo para agradar os mais abastados.
É tão doente que mesmo àqueles que ela endeusa não a suportam.
Tenho certeza que no caso dela e dos ressentidos de Jessé Souza nem o bom duplo de Dostoiévski suportaria sua figura desnecessária.
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