É pessoal, o gado fanático sempre teve representatividade, acho que nunca entenderam seus desejos. Não sabem que cada formação social tem em si, seus processos de desejos? São produções de desejo.
Como sempre afirmo, semelhante às indústrias culturais.
A grande maioria (desculpem o pleonasmo), continua sem o esclarecimento de Kant e seguem o desejo do outro. E pior, o outro tem seus interesses.
Lima Barreto sempre denunciou o opressor, e mais, os inocentes oprimidos, como os "bois de canga", soldados que não sabiam porque Floriano Peixoto e o almirante Custódio de Melo se degladiavam, mas que mesmo assim, lutavam por Floriano.
Semelhante a frentes de quartéis de meses passados, onde fanáticos (do quê?) rezavam e cantavam para pneus que despachavam fumaças escuras e maléficas.
E se no (des)governo anterior havia a retaguarda do cercadinho e da Jovem Klan, ops, Jovem Pam, o então presidente Floriano Peixoto tinha os cadetes da escola militar que formavam a "falange sagrada", sempre de prontidão ao redor do autoritário presidente.
Mas como diz o jargão popular, a história se repete e Floriano Peixoto não passou a faixa ao novo presidente, Prudente de Morais.
Floriano que acertava uma e errava cinco, como reabrir o Congresso, porém trocando todos os governadores da oposição num governo tão autoritário que foi chamado de florianismo.
E se por um lado beneficiou camadas populares ao propor melhores moradias aos residentes de cortiços, por outro, tomava atitudes radicais em todos os segmentos.
Ações típicas de ditadores como as "operações de limpeza" na fortaleza de Inhatomorim e execuções no Paraná.
Uma das frases que mais resume seu governo diz que "ele instaurou um regime de terror caçando os opositores da ditadura como estelionatários do mercado financeiro", ao se referir ao Encilhamento citado no livro "Cafeína" de Mauricio Torres Assunção.
Porém, tivemos resistências como o maragato Gumercindo Saraiva, não é mesmo meu amigo escritor e cineasta Ricárdo Ritzel?
Junto com Joca Tavares, Gumercindo defendia o parlamentarismo e lutava contra o florianismo e seu governo autoritário presidencialista.
Foi mais ou menos isso né professora de História, Raquel Cabral?
Guerras.
E o povo quebrando a cara.
Sempre.
Realmente, o gado é histórico.
Falanges sagradas ou de gado, sempre presentes como comboios inocentes e dominados. Não foram como nossos indígenas, estes não necessitavam da "política das salvações nacionais" do presidente Hermes da Fonseca, que trocou governadores por interventores militares...com apoio de quem?
Da classe média urbana...
Intervenção, classe média, seguidores, onde escutamos tais conceitos nos últimos meses?
Pois é, percebem, falanges, bois, gado...
Gado que sustenta o opressor, busco entender. E pesquisando ali e lendo aqui, (re)descubro uma pérola dos filósofos Deleuze e Guattari. Eles dizem que o gado não é manipulado, eles são mesmo fascistas e a verdade tem pouca relevância, "não é uma questão de ilusão, de verdade e falsidade, é desejo".
O desejo acima da verdade.
Ah, entendi...
Ainda assim, o gado feliz e marcado de Zé Ramalho está inserido no entrevero.
Oprimidos desfavorecidos seguem a boiada como escravos dos senhores de engenho. O cafeicultur de outrora está representado na atualidade pelo senhor ruralista.
Um outro tipo de falange.
Ora, na República Velha os cafeicultores também comandavam, assim como desejaram golpistas do agro no último dia 8 de Janeiro.
E dá-lhe falanges, cercadinhos, rachadinhas...
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