Desde os primeiros processos civilizatórios, as guerras estiveram presentes. Milhares de guerras.
Guerras por terras, propriedades, ideologias, guerras religiosas e até por uma bela mulher chamada Helena.
Consta que a primeira guerra de nossa história aconteceu por volta de 2500ac, mas historiadores vão mais longe, e garantem que em 2700ac houve um conflito onde hoje ficam Irā e Iraque.
Numa edição especial da "Mundo Estranho" sobre conflitos bélicos, uma matéria revela uma prova milenar dessa primeira batalha num sangrento corpo a corpo. Foram encontradas na antiga cidade de Lahasch, na Suméria, uma placa de pedra conhecida como "Estela dos abutres", confirmando a guerra, uma peça com um relevo típicos de guerra, e mais, com cenas da batalha. Essa placa está para quem quiser ver, no Museu de Louvre em Paris.
Nomes ficarão na história como heróis ou vilões como Hitler, Átila, Alexandre, Herodes, Franco, Stálin, Milosevic, Nero, Gêngis Khan, Idi Amim...a lista não tem fim, (até rimou).
E grupos que são verdadeiras máquinas de matar como os Vikings (ai, lembrei da Lagherda), os Templários, os Espartanos, os Samurais e acelerando no tempo, chegamos aos fanáticos nazistas da SS.
E esses grupos, se hoje defendem doutrinas, amanhã podem ser exterminados pelos próprios idealizadores dessas "instituicoēs".
Como os Cavaleiros do Templo de Salomão, os Templários, que após as cruzadas, quando lutaram pela Igreja Católica, foram perseguidos por seus financiadores. Enfrentaram a morte até quando um belo, não, O "Belo" Felipe da França, em conluio com o papa Clemente V, sentindo-se ameaçado, encerrou o ciclo, torturando e perseguindo seus próprios heróis.
Houve heróis de dois mundos, como Giuseppe Garibaldi, que lutou pela Europa e também combateu pela América. Outros suicidas, como os Samurais e os kamikazes na II Guerra Mundial. Eles tiravam a própria vida para não morrer nas mãos dos inimigos. Como diz o Gaúcho, não faltam causos de violências. Posso ficar relatando combates bélicos até a última linha do texto, isso se uma nova guerra não destruir minhas páginas, todas sobre...Guerras...
E os generais loucos sempre presentes.
Herman Hesse escreveu no seu clássico "Sobre a Guerra e a Paz", em 1914, que enquanto os povos estavam lutando entre si, era evidente que a cada dia que passava, aumentavam os sofrimentos com mortes incontáveis em terríveis combates.
Em Agosto desse mesmo ano, Hesse questionou um ministro sobre a sequência da Grande Guerra, pois não conseguia "dormir" devido ao caos mundial. Ele lembrou palavras bíblicas do Sermão da Montanha, "não matarás", mas o ministro, mesmo reconhecendo que o mundo estava em ruínas, respondeu que não era o momento de negociações e que os soldados deveriam seguir bravamente com a guerra. É, as fontes de Hesse e do ministro não eram as mesmas.
Em 1916, em pleno curso da guerra, enquanto os alemães promoviam ofensivas numa das batalhas mais sangrentas da História em Verdun, o filósofo Bertrand Russel fazia palestras buscando entendimentos. Foi também em 1916, que os britânicos realizaram uma das campanhas mais violentas do conflito, em Somme.
Russel foi um filósofo e sociólogo diferenciado, ele sempre realçou a fundamentação lógica. Não deixo a filosofia pura fora do "combate", literalmente, ao contrário, mas nesse texto quero escapar daquela filosofia complexa, mesmo porque adoro filosofar não é, e debater questões mais, digamos, objetivas. Russel era assim.
Em suas palestras, Russel incluiu um elemento novo em seus debates, o impulso, como uma teoria singular. Ele destacou que uma repressão excessiva poderia viabilizar o aumento das hostilidades bélicas.
A disciplina rígida do militarismo "tem efeitos negativos sobre o caráter nacional", acrescentou Russel. Surgem dai, impulsos de crueldade e violência, pois o impulso é da natureza humana, ele é maior que o desejo. É devido aos impulsos que as crianças correm e gritam sem saber o porquê. Essa reação pode ser, segundo Hesse, uma das origens das próprias guerras.
Por outro lado, não se deve enfraquecer nossos impulsos, porque eles trazem crescimentos, desenvolvimentos científicos, descobertas e inovações tecnológicas. Os problemas recrudescem quando surgem os...loucos generais.
Evidente que todas mudanças positivas são bem vindas, desde a idade média, como todas as revoluções tecnológicas. Elas viabilizaram novos conhecimentos em suas devidas fases históricas como o Renascimento e a Revolução Industrial. Os problemas aumentam quando a justiça, a liberdade e mesmo a segurança não acompanharam esses avanços. A própria natureza foi renegada.
Outra questão não muita difundida e que tem graves conseqüências, está relacionada com a autoridade, que nos persegue, sempre. Todas as instituições seguem diretrizes de autoritarismo e quando propriedades privadas já propagavam "verdades" dos barões ou leis definidas por escolas, quartéis, por exemplo, somente rompendo doutrinas poderosas para evitar conflitos. Ou em casos extremos, guerras.
Mas a distância da ganância humana está longe, muito longe de priorizar carinhos ao mundo terráqueo. As guerras são apenas mais uma consequência da intolerância do homem que menospreza seu único lar. A falta da educação e respeito devastam a natureza e o imperialismo anula igualdades e, ao contrário, acirra nações que dominam irmãos como se fossem escravos. Porém, guerras atômicas podem apresentar novas perspectivas, pois o que poderão fazer tanques, navios, artilharia e até os...generais loucos, diante dessas bombas superpoderosas? Enquanto isso, seguimos debatendo crises passadas e atuais. Apenas 28 anos atrás, Sarajevo, capital da Bósnia, passou por uma guerra absurda étnica entre sérvios e muçulmanos, vizinhos que a poucos dias eram amigos estavam matando uns aos outros. A cidade teve 1426 dias de cerco militar. Uma barbárie.
Quando as duas guerras mundiais explodiram, os reacionários americanos, franceses e ingleses alertaram abalos à democracia.
Pois é, mas onde andava a democracia durante o imperialismo na África e na Ásia?
Quem definiu direitos às invasões européias em toda África?
Ah, esses...loucos generais.
Russel indica dois caminhos salutares, promovendo ao máximo a vitalidade do ser humano em suas sociedades, mas ele lembra que esse mesmo crescimento não deve trazer nenhum tipo de prejuízo ao outro.
João Chagas Leite, cantor nativista da minha preferência, mostra as cartas para tais direções. Em seus versos, ele diz que:
"Se os senhores da guerra
Mateassem ao pé do fogo,
Deixando o ódio pra trás,
Antes de lavar a erva,
O mundo estaria em paz".
Pra quem não é Gaúcho, matear é tomar chimarrão e "lavar a erva" significa que o chimarrão já está chegando ao fim, a cuia já foi muito usada e a erva já está "gasta".
Entenderam, indiada?
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