top of page
Buscar
cocatrevisan

Identidades Repaginadas

Atualizado: 31 de out. de 2021


Somos escravos da mídia e seus mecanismos determinam nossas ideologias e escolhas (eu não, e tenho certeza que 95% das pessoas que seguem meu blog também), de milhares de indivíduos. "Eles" acreditaram no Caçador de Marajás, e podem ter certeza que daqui alguns anos, vão apoiar o Collor parte III. E com tudo isso, nossas ideologias e identidades vão seguindo o baile.

Darcy Ribeiro se esforçou para esclarecer quem são os brasileiros, mas num país onde livro é tratado pelo seu governo como "luxo", poucos tiveram acesso às teorias de Ribeiro. No ano passado comprei o livro "O Evangelho do Barão", do pesquisador e diplomada Luis Cláudio Villafañe G. Dos Santos.. Segundo Villafañe, o enfoque de sua obra relata o legado de José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco. Villafañe descreve os 10 anos em que o Barão foi ministro das Relações Exteriores(1902/1912). O autor lembra, que a Proclamacão da República traduziu uma crise de legitimidade do Estado, e foi com o Barão que nossa identidade teve reconhecimentos internacionais.

"O país com ênfase pacifista, não intervencionista e seguro de suas fronteiras", alavancou sua representatividade como nação, acrescenta Villafañe.

Convenhamos, o Barão de Rio Branco teve seus méritos, mas valorizar tais ações internacionais, como fortalecimento da identidade do povo brasileiro é forçar a barra.

Um desenvolvimento com base na Elite do Café é uma coisa, nossas identidades representadas por esses feitos é outra coisa...há contradições.

Como identidades tem construções complexas na pos-modernidade, com manipulações midiáticas, fica difícil resumir questões referentes a conceitos definitivos.

Momentos históricos já são por natureza muito complexo. E também pela própria evolução tecnológica de cada fase histórica, fica evidente, que todo indivíduo passa por mudanças, acompanhando essas revoluções tecnológicas.

Não somos mais medievais, nem modernos. Somos pós-modernos. Não somos mais iluministas. Somos pós-modernos. Não somos mais sólidos, e como diria Bauman, agora fizemos parte de uma sociedade líquida com copos cheios de incertezas.

E com a complexidade multicultural de uma sociedade pós-moderna, estamos passando por rupturas de todas as esferas.

Descontinuidades ou descentralizacoes que alteram nossos costumes ou características pessoais. Também não contamos mais com aquela base segura, racional. Atualmente vivemos transformações tão significativas, que nos levam à crises de identidade. Esse é o título do livro de Stuart Hall, "A identidade Cultural na Pós-modernidade", onde ele descreve essas mudanças que estão "deslocando as estruturas e processos centrais das sociedades modernas, e abalando os quadros de referência que davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo social". Um livro de apenas 100 páginas, que desde 1999 faz parte da minha cabeceira literária. Para esclarecer essa perda da "ancoragem", Stuart Hall cita Marx, Freud, Saussare, Foucault e os movimentos sociais dos anos 60.

Vou falar de Marx, Freud e Foucault porque pretendo escrever um texto sobre os anos 60 e outro sobre Saussare (incluindo Wittgeinstein). Hall diz que o pensamento marxista é cada vez mais atual, com novas interpretações, mas que seus conceitos representam nosso cotidiano. Ora, é Marx que diz que os homens fazem a história, mas apenas sob as condições que lhe são dadas, uma frase que realça a força da mídia. Ou ainda essa máxima marxista, "a constante revolução da produção, a ininterrupta perturbação de todas as relações, a permanente incerteza e agitação distinguem a época de todas as que precederam". Como não somos influenciados? Sao essas influências e mecanismos de produção que mudam várias faces de nossas vidas.

Freud foi outro gênio que transformou e "avançou" nossos caminhos existenciais, com novos conhecimentos psicanalíticos.

Nosso inconsciente foi revelado e as certezas iluministas perderam crédito. Stuart Hall argumenta que mais uma vez podemos avaliar danos à nossos conhecimentos, causando mudanças radicais no indivíduo racional. Dessa forma, nossas ideologias e identidades são repaginadas. Não são mais fixas, e a "ancoragem" perdeu firmeza.

Michel Foucault já demostrou como as instituições atuam como um poder disciplinador. Somos "educados" por igrejas, escolas, hospitais, etc, que estão sempre alertas, através de uma permanente vigilância sobre nossos comportamentos. Elas orientam nossas vidas. Nos resta determinar o que queremos. Se são instituições relevantes, são ao mesmo tempo, e no nosso tempo, criadores de modismos e preferências. I Instituições com normas, até aí tudo certo, o recrudescimento surge quando além de nos vigiar, ainda regem leis em nossas identidades culturais, e sociais, e políticas, e...

64 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

O Grito dos gritos

Geralmente gritos significam dores e tristezas, porém outros gritos podem reverter o processo. Entretanto, normalmente gritos revelam...

Soma de idéias feitas

A Indústria Cultural surge com máxima representatividade quando Theodor Adorno e Max Horkheimer esclarecem nos anos 40 as artimanhas do...

Estranhas Andorinhas

Jocasta, já temerosa e sem certeza de que Édipo matou o Rei Laio e é seu filho, diz que "meu pobre filho morreu há muito tempo antes...

Comentários


Post: Blog2_Post
bottom of page