Já escrevi aqui, pesquiso a Indústria Cultural desde os anos 80, quando meu Trabalho de Conclusão em Comunicação Social na área de jornalismo em 1987, falava sobre "A Indústria Cultural na Sétima Arte". Queria entender porque nossas crianças conheciam Zorro, Batman e as produções da Disney, mas não sabiam quem era o Saci Pererê.
Sou frankfurtiano. Visualizo as armas da cultura de massas em meu cotidiano em todas as esferas sociais, econômicas e culturais. Todos os dias. Antes, vamos lembrar e destacar que o conceito indústria cultural teve origem na Escola de Frankfurt. Essa escola foi formada por cientistas sociais, filósofos, e contou com outras representações, a tal complexidade de Edgar Morim. O assunto é complexo e voltarei a discutir nos próximos textos.
Theodor Adorno e Max Horkheimer foram os criadores desse conceito que contou ainda com personagens como Herbert Marcuse, Eric Fromm, Jurgen Habermas entre outros. Também já disse isso, porém importante realçar essa miscigenação de disciplinas, pois os franfurtianos perceberam a relevância da comunicação e os fenômenos da mídia desde os anos 40. e convém ressaltar ainda que já no século XIX, Marx revelava suas lutas de classes e reflexões sobre novas riquezas e modos de produção.
Nas abordagens de Karl Marx (1818-1883), ficam evidenciadas as contradições sociais derivadas das divergências econômicas. Com a urbanização, cresce a sociedade industrial, a técnica e a própria indústria. Elas giram e se relacionam com maior intensidade provocando transformações no cotidiano do sofrido trabalhador no fim século XIX e início do século XX. Assim, a Indústria Cultural surge acompanhando novidades existenciais.
Ora, nesses momentos os meios de comunicação de massa se jogam e percebem um perfeito matrimônio com a Indústria Cultural. Integra-se no cotidiano como fenômeno da industrialização e seus produtos vigoram como leis e normas, tudo tem seu propósito, ideologias são banalizadas e outras idolatradas, e esses produtos culturais são agora, definitivamente meios de transmitir ideologias onde o "nome real é negócio". Azar do Saci Pererê.
Agora o indivíduo está submisso e aquele ser liberto do iluminismo vira fantoche, amarrado por consumismo programado. Somos jogados como pedras que rolam, é estarrecedor as maneiras como somos "reproduzidos."
Nao esqueçamos que tais estruturas de dominação sempre estiveram presentes. No fim do século XVIII, Kant afirmava que estávamos muito distantes de homens emancipados. Nossos pensamentos são bloqueados, não possuem fluidez, somos hipnotizados para não pensar. Basta ver pessoas discutindo quem vai sair do BBB. Um problema muito sério para a vida do infeliz que está preocupado em quem transa com quem embaixo dos cobertores.
Toda produção do imaginário segue na fixação do receptor, Ele está imerso. Para a classe que tem o poder, objetivos alcançados. Que fiquem debatendo o futuro do BBB, o resto fica sob controle. A indústria cultural define formações conforme o desejo do receptor. Se eles querem cenas bizarras, e fofocas, ótimo, as formações dissimuladas estão a disposição.
Comments