Uma gravura no facebook suscitou esse texto e causou forte impacto em minhas teorias existenciais.
Vejam só que interessante, dois bebês ainda na barriga da mãe tem o seguinte diálogo, um pergunta se o outro acredita em vida pós-parto e a resposta é que ele não sabe porque ninguém nunca voltou para contar.
Quantas vezes dizemos o mesmo à respeito da morte não é mesmo?
E os gêmeos que nem nasceram ainda, já tem uma vida antes de nascer? Como assim?
É de refletir. Então viveremos depois de morrer...
Eu creio em algo mais depois da minha passagem terrena, realmente acredito. Não apenas para aliviar a tal miséria humana que os filósofos costumam descrever em suas teorias, e muito menos para definir o sentido da vida. Repito, realmente tenho fé em seguir minha jornada pois "Ele" prometeu. É o suficiente para mim. Entre várias emoções, a fé tem lugar privilegiada em minha vida e o otimismo vem a galope logo atrás. Sêneca(4ac-65dc) tem uma frase que sempre que posso cito aqui no blog, "quem não souber morrer, terá vivido mal". E isso que ele se suicidou depois de ser preceptor do louco Nero. Bom, aí é mais complicado, não é fácil conviver com um doido daqueles.
E mesmo que pudéssemos abolir a morte, todo o significado da vida mudaria, melhor deixar assim...
Epíteto dizia que a morte é como um espantalho, não morde e que mais cedo ou tarde não teremos mais os sopros da vida. Ele questiona:"porque então te irritar se ela chegar agora? Pois se não for agora, será mais tarde".
Ok, seu Epíteto, apesar de crêr em vida pós-morte, espero que minha morte venha mais tarde tá? Ah, se for bem mais tarde, agradeço.
Por enquanto vou seguir ensinamentos que priorizam o que posso fazer com minha vida e questionar porque estou vivo. E olhar as estrelas, para os céus estrelados, céus que milhares de antepassados curtiram e outros milhares ainda vão ver. Antepassados que estão lá onde vou estar um dia. Todos estão lá, eu estarei.
Eurípedes dizia que, talvez a morte seja a vida e a vida a morte...tá loko.
Evidente que sabemos separar vida e morte, mas aqueles que já sofreram uma doença grave, com toda certeza já não vêem a vida (e a morte) com os mesmos olhos. Assim como o preso que espera a liberdade com "outra" vida. Leon Chestov escreveu em "As Revelações da Morte" que o anjo da morte que desce para separar a alma e o corpo" tem olhos diferentes aliás, nem precisaria deles. A visão natural pode ser superada, então, por olhos especiais onde visões sobrenaturais revelariam a morte...e a própria vida.
Chestov acrescenta: "e o homem então, além do que os outros homens vêem e do que ele mesmo vê com seus olhos naturais, passa a a ver novas e estranhas coisas".
Pois é, e os gêmeos na barriga da mãe, o que será que conseguem ver?
Talvez a liberdade que anseia o preso. Porém, essas angústias são sentidas por muitos que já estão "lá fora". Estão mais encarcerados do que muitos presidiários. Foi o que Dostoiévski passou quando ficou quatro anos preso vendo retalhos de sol esperando para voltar à vida em sua liberdade. Chestov em suas revelações da morte disse que "bem depressa Dostoiévski observou que a vida livre se assemelhava gradualmente à existência na prisão".
Não adianta apenas uma liberdade física, o psíquico está junto determinando nossas rotas.
Quando estamos presos em nossas mentes, nossa liberdade não eleva, está doente e encarcerada.
Tá seu blogueiro, e agora ( podem me chamar de Coca, apelido de infância), o que nos resta? Quem poderá nos ajudar agora?
Não, não será o Chapolim Colorado. Para Dostoiévski, um caminho foi seguir a solidão. Não indico essa bula, sei que a solidão tem lá seus aspectos positivos mas não é de minha preferência. Serviu para Dostoiévski.
Quem sabe ele não falava da solidão da alma e aí a conversa muda. O assunto é complexo e os bebês querem seguir o debate e prometo retornar e escrever mais textos, a temática exige. Pois ainda tem nossas prisões cotidianas onde temos que obedecer leis, regulamentos, etc.
Queremos liberdade mas as leis de vigilância estão ao redor, faça isso, não faça aquilo, não dobre a esquerda, e até dizem que certos livros não podemos ler. Lembrei do famoso pêndulo do Baumam que destacava, que a cem anos atrás nossa preferência era a liberdade superando a segurança, porém com a atual violência, o pêndulo retorna e agora desejamos a segurança em primeiro lugar.
Enquanto isso, basta ao covarde reconhecer que, além dos muros, podemos estar presos e encarcerados. Uma parede interna ou externa tem várias interpretações da vida e da morte e para descobrir, somente vivendo...e morrendo...
Parabéns! Uma excelente reflexão!
Ótimo texto. Se não soubermos viver, poderemos conhecer a morte em vida, e essa deve ser pior que o próprio fim.