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Júlio Verne é Muito Mais

Atualizado: 31 de out. de 2021

E muito mais. Saboreando livros menos conhecidos como "Os Filhos do Capitão Grant", "Miguel Strogoff", ou "A Escola dos Robinsons", entre outros, aprendemos História, Existencialismo, Processos Civilizatorios", etc, além claro de leituras fantásticas.

Nos filhos de Grant, por exemplo, Verne lembra que ao passar no Extremo Sul da África em 1486, Bartolomeu Dias descobriu o Cabo da Boa Esperança, e em 1497, Vasco da Gama "dobrou" o local.

Ou que ao passarem pela minúscula ilha de Tristão da Cunha, perceber como nasce um processo civilizatório. Ele falava de uma ilha perdida nos mares que em 1821 tinha 6 moradores, em 1829, 27 pessoas e em 1835, já contava com 40 habitantes, demonstrando um pequeno processo civilizatório.

Ele ainda corrobora outros escritores que afirmam que estamos sempre "sozinhos", porque vivemos num espaço físico exclusivamente nosso. Percebemos Júlio Verne contando em seus romances a possibilidade de ser feliz numa ilha, em plena solidão.

O náufrago de Tom Hanks discorda pois precisava conversar com seu Wilson, uma bola de futebol.

Mas tais curiosidades de Verne, ilustram outras esferas do escritor.

O transporte mais relevante de cada época, como navios, que foram veículos da civilização onde o mar era sua arena por excelência.

Ele é um escritor muito complexo. Apesar de ser reconhecido como mestre da imaginação com seus romances futuristas, Verne possui várias qualidades.

Aliás, nunca vi ninguém chamar ele de poeta. Poeta? Sim, quem escreveria que a Austrália é um país singular, com peculiariades fascinantes, como seu clima, que "possui uma qualidade inverossímil, moralizador, onde sua atmosfera pura e seca branqueia corpos e almas", transformando pessoas más em indivíduos de moral e ótimo caráter. Arrisco levar tijoladas dos críticos, mas opiniões foram criadas para serem divulgadas e respeitadas, não é mesmo?

E assim, vamos descobrindo o ilustre escritor, que traz questões existencais em suas variações.

No livro "A Escola dos Robinsons", o personagem Godfrey, herdeiro de um tio milionário, vive sem preocupação financeira, pois sua vida "tinha sendas fáceis de trilhar, onde podia tomar, à vontade, pela direita ou esquerda, que iria sempre ter a qualquer parte onde a fortuna decerto lhe não haveria de faltar".

Ainda assim, Godfrey, com todo esse mundo à disposição, adoraria ter a experiência de Alexandre Selkirk, um escocês que ficou 4 anos e meio perdido numa ilha, e que inspirou o Robinson Crusoe de Daniel Dafoe.

Puro existencialismo. Sartre dizia que sempre devemos ter algo porque viver, inventar nossos sentidos de vida. Para Godfrey, uma ilha para viver sozinho poderia ser esse "sentido".

Outra obra de Júlio Verne, "Miguel Strogoff", narra uma aventura dos tempos do Czarismo. Uma época de desconfiança para todos os lados.

O Império Russo nasceu em 1577 com Ivan IV, e Verne se inspira em outro Czar para criar o Coronel Strogoff, o Czar Alexandre II, que reinou entre os anos de 1855 e 1881.

O romance descreve as aventuras de Miguel Strogoff que luta contra os tártaros, viaja 5500km e vai até a Sibéria.

Você viaja junto.

Mas da onde vem toda essa imaginação? Consta que com 11 anos de idade, Júlio Verne fugiu e viajou num navio quase um mês, para levar um presente para uma prima que ele estava apaixonado.

Como Sartre e Camus nos ensinaram, todos devem buscar seu sentido de vida.

Júlio Verne a sua parte.

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