A parábola do "cachorro-quente" desmascara visões e conceitos deturpadas. Consta que um vendedor conseguiu pagar a universidade de seu filho com suas três carrocinhas de cachorro-quente. O filho, já formado em Economia, alertou seu pai que o país estava em crise e sugeriu a venda de uma das carrocinhas. O velho pai acreditando na sabedoria do filho, seguiu o conselho.
Passados alguns meses, o filho sugeriu a venda de outra das carrocinhas, pois a crise seguia em vigor. Quando percebeu, o pai não tinha mais nada.
Lembrei de um conto de Liev Tolstói (de Guerra e Paz), chamado "De quanta Terra precisa um homem", quando ele destrói a ganância ao lembrar a Epístola de São João III: "quem possuir bens deste mundo e ver seu irmão em necessidade e fechar o coração para ele, como pode estar nele o amor de Deus? Não andemos com palavras nem com a língua, mas com atos e verdades".
E eu que plantei muito e não tenho nada...deixem-no morrer...cantava Geraldo Vandré enquanto era perseguido pela cúpula militar e política.
Terras.
Terras.
Por ela, nações lutam contra nações , irmãos criam discórdias e vizinhos brigam entre si. E analisando por outro viés, Tolstói questiona de quanta terra cada ser humano precisa.
Terras.
Terras.
Todos pensam que quanto mais melhor, achando que a felicidade se reside nesses, nesses...latifúndios assassinos.
O Bhagavad-gitã prega que nossa auto-realização traz caminhadas felizes, pois ela está "apropriamente situada".
Ela não prioriza terras e revela os tempos perdidos com ações equivocadas e externas quando não percebemos quanto tempo perdemos com preferências errôneas.
Alguns querem carros, outros latifúndios e somente quando chegam lá, percebem os tempos perdidos.
Terras.
Terras.
Quando vão entender qual é a parte que lhes cabe nesse latifúndio. Não estamos jogando futebol americano, lutando por terras ou jardas. Enquanto a ganância sobrepor, seguiremos caminhos mortais. A insatisfação humana quebra a sensatez, pois sempre queremos o que não temos.
Se não tenho terras, um pequeno terreno já é o suficiente, se tenho um, quem sabe dois ou três não seria melhor, ou ainda, dez hectares, não, não, três fazendas...
Para chegar ao topo, passo por cima do que for necessário, eu quero meu latifúndio...assassino.
E assim, vale tudo, injustiças se sucedem, e eu que plantei muito e não tenho nada.
Não entendo o furor da cobiça, que piora com fatos que não compreendemos e que trazem processos assustadores.
E o pavor das lutas por latifúndios recrudesce quando vejo luzes azuis subindo na noite escura e luzes verdes descendo.
E quando o miserável ainda tem seu anel de noivado, vê que logo a penhora vai levar sua relíquia. E ainda vai ver seu pequeno terreno ser cobiçado pelo capital desenfreado. Certo, faz parte do capital, mas que pelo menos paguem o valor correto, não explorem o necessitado.
Foi assim que Jesse James vingou sua família da usurpação bancária no velho Oeste. Mas o que irrita é ouvir do capitalismo selvagem a palavra competência, ou melhor, incompetência.
Eles adoram o conceito. Para justificar suas arbitrariedades, o termo cai como uma luva.
E temos que ouvir a namoradinha do Brasil dizer que os incompetentes não merecem o zelo financeiro, ela que recebe aposentadorias e pensões ilícitas. Que beleza. E reinvindica o dia da "consciência branca". Qualquer hora vai sugerir o dia da namoradinha do Brasil.
Enquanto isso os latifúndios dos miseráveis que estão a sete palmos do chão vêem os latifúndios assassinos passando a boiada. E enquanto no Velho Oeste, os massacres do general Custer aniquilou com os pele vermelhas, no Brasil de 2022, seu presidente glorifica o assassino dizendo que "foi o que faltou ao Brasil".
Mas agora estão felizes, a boiada ultrapassou limites fazendo a festa dos latifúndios assassinos.
Coisas de "heróis e mitos".
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