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Lendo a América Latina III

Atualizado: 1 de nov. de 2021

Em seu livro "Complexo de Vira-Lata", Márcia Tiburi afirma que a colonização fez parte de nosso passado, atua no presente e estará integrando nosso futuro. "Eles" não param e, pasmem, já estão com seus objetivos preparados para nós, isso mesmo, para o que vem pela frente.

O relógio deles difere do relógio derretido de Salvador Dali, mandam e desmandam naqueles que fazem continência à bandeiras alheias.

E acreditem, fazem continência até à caixas de cloroquina. Surreal.

Noam Chowsky revelou documentos do Departamento do Estado Americano de 1944 com os planos para a América Latina. A Segunda Guerra ainda vigorava e "eles" já tinham tudo estruturado para suas "colônias". Seus projetos já estavam definidos.

A Petrobrás, que segundo nosso atual presidente é um problema, naquela época não poderia produzir aços finos, não era do interesse dos Estados Unidos. E o que aconteceu? Os milicos obedeceram batendo continência e não é por acaso que a Petrobrás está inserida sempre nos golpes.

Como diz Jessé Souza é uma "Guerra contra o Brasil", seguindo normas da extrema direita que, lógico, deve ter interesses nos subsolos do poder. Triste é ver um povo sem esclarecimento (ajudai-nos Kant), pagando o pato.

Aliás, como anda nosso Pré-sal?

Lendo autores críticos latinos pode ser que a temática entre no debate para perceber como os imperialistas colonizadores estreitam seus interesses. Na história do Brasil, sempre se perguntam se o Brasil holandês não seria o melhor para o país. Incrível debater qual seria o melhor colonizador...novamente, surreal.

Realmente os relógios são diferentes, o tempo do colonizador está acima do oprimido latino, que mais parece conviver com relógios do juízo final.

Processo longo, desde 1500. Não sei, parece que o brasileiro gosta de ser escravo. Até um poder psicológico assola o inocente que "pensa que nem eles". A diferença é que eles comem picanha e o alienado inocente come osso...duro de roer...

Acham que neoliberalismo promove liberdades, não percebendo que não tem nenhuma chance diante tantas diferenças econômicas. Como é o capitalismo organizado visando o setor privado e quando não conseguem privatizar basta dizer que o estado é corrupto.

Até parece que não existe corrupção na "privada". Privada, eu disse, de vaso sanitário.

Sempre lembrando que contam com a grande mídia. Portanto quanto menos Educação e Ensino melhor para incrementar ideologias, pois sem esclarecimento é duro ter tanto que caminhar e ver nossos projetos do futuro irem riachos abaixo.

Não por acaso um dos nossos últimos ministros da Educação disse que o brasileiro tem obsessão por universidades...tá loko.

Parece piada, uma trágica piada.

E o homem domesticado segue sua simples vida como Jessé Souza diz "por conta disso somos dominados até hoje por essa hierarquia moral historicamente contingente que poderia muito bem ter aceito sentido e direção, e aí percebemos como se nos acompanhasse desde o berço".

Esses dias estava discutindo com um amigo bolsonarista, "quebrado", devendo para todo mundo mas ainda firme em suas ideologias. Seu argumento de que, "não está bom para você, estamos aqui comendo churrasco", é de fazer o debate parar, não tem condições. Ele já teve empresa, e hoje falido e desempregado, lembro para ele que era só tirar a Dilma que...deixa pra lá...estamos comendo churrasco, o resto não interessa.

Eis o homem domesticado, na penúria mas hoje, como está comendo churrasco...tá loko. Realmente não compreendem o processo civilizatório do colonizador.

Outro mito que já passou da hora é crêr que devemos tudo por sermos colonizados por portugueses. Ora, Portugal e Inglaterra se assemelhavam em vários quesitos no século XIX, como na distribuição de negócios e até monopólios. Vamos virar essa página, ela também serve para domesticar ideologias. Isso é conversa para amansar o boi e para deixar a boiada passar (onde ouvi essa máxima?).

É tão fácil verificar que o ideal seria uma sociedade composta por indivíduos livres mas, com direitos básicos e financeiros o mais igualitário possível. Evidente que o mais capacitado e interessado vai superar o outro mas aí se justifica seu mérito. Agora, diante de corrupções, essas sim filmadas, gravadas, etc, a justiça perde aessência e pior, fica por isso mesmo.

Retorno aos autores latinos, alguns não são traduzidos para o português (porque será?), talvez seja porque eles trazem os esclarecimentos que almejamos.

Quando lemos as civilizações de Samuel Huntington com suas nove etapas, evidente que se trata literatura de primeira linha mas temos que lembrar, como diz Jessé Souza que "para ele a América Latina também é o planeta do atraso e da corrupção. Mais adiante veremos quem financiava Huntington e suas pesquisas em Haward".

Prefiro as civilizações de Darcy Ribeiro. Confio mais no brasileiro fugindo de traidores atuais e personagens de nossa história, como Joaquim Silvério dos Reis que delatou os inconfidentes mineiros para salvar sua falência.

A delação de Silvério, é minha gente, delação é coisa antiga, apesar das inúmeras controvérsias (olha as semelhanças), serviria para cancelar seus débitos. Ah, ele queria ainda melhores moradias, recompensas e pensão vitalícia. Sugiro procurar um ex-juiz de Curitiba.

A luta é inglória mas salutar companheiros, e Márcia Tiburi revela ainda que diante das "riquezas teóricas e reflexivas para confrontrmar as academias conservadoras" são fundamentais autores identificados com nossas identidades. O ativismo latino se faz presente e quando o ensino torna-se mais crítico o que "eles" dizem? Que nosso ensino é de esquerda...pelo amor de Deus e da cultura, não me venham com essa.

Se somos uma América violentada e humilhada, resta-nos desmitificar o eurocentrismo e ideologias imperialistas com suas culturas repressivas.

Adorno disse que Hitler gostava de afirmar que "responsabilidade para quem amamos, autoridade para os de baixo".

Lembra conceitos de atuais fascistas e, para nós, autênticos latinos, derrubar mitos como o complexo de vira-lata é lei, pois outros mitos vão cair com o tempo pois a história é implacável.


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