Você é da esquerda?
Ah, então é contra as privatizações.
Você é da direita?
Ah, então é a favor das privatizações.
Você torce para o Grêmio?
Então foi pênalti...claro.
Você torce para o Inter, então não foi pênalti (no mesmo lance do gremista).
Difícil né, assim funciona o que o filósofo Francisco Bosco chama de "Lógicas de Grupo", onde a verdade não é considerada e não é prioridade.
Peço emprestado o conceito do filósofo porque vivemos época estranha, principalmente na política.
Todos desejam seus benefícios psico-afetivos e esquecem que eles mesmos estão cegos e surdos, como dizia Roberto Carlos "desde o começo do mundo, o homem sonha com paz, a paz está dentro dele...mas eles estão surdos".
Não escutam mais com racionalidade, estão surdos e o que vale o grupo já decidiu e definiu o que é a verdade.
Enquanto isso, fábricas de fake news fazem a festa. Ora, qualquer criança sabe que a Lua gira ao redor da Terra e que esta gira ao redor do Sol, porém com novos conhecimentos dos terraplanistas...
Lembro da adolescência, fazemos de tudo para entrar em grupos e quando estamos nos grupelhos, percebemos que a luta não teve respaldo.
Porém, em outras esferas, indivíduos seguem, cegos e surdos, normas pré-determinadas por grupos mais cegos ainda...
Seguem, como diz Francisco Bosco, uma política afetiva. Ele diz que certas artimanhas, (sempre tento evitar essa palavra, mas não adianta, não consigo), políticas incluem narcisismo, ego e nossas identidades, elas são dimensões inconscientes que se orientam por lógicas de grupo.
Além do mais, sempre fica mais fácil acompanhar grupos, você não se expõe, apesar das mídias sociais.
Se George Orwell está de olho em você, resta se calar e deixar a boiada passar como um ser acéfalo?
Não, isso é o que eles querem...
Percebem como o domínio recrudesce?
Taí o perigo, abandonar reflexões para sair repetindo "o que deu na Globo ou na Jovem Klan". Ou pior, seguir discursos que fomentam fake news ou o negacionismo de um (des)governo que vive de crises que ele mesmo cria.
Crises que servem para desintegrar estruturas diante tensões causadas propositalmente ou ainda, como diria o sociólogo Immanuel Wallerstein, para mudar sistemas através dessas "desintegracões". Mirabolante (e simples ao mesmo tempo), não é mesmo?
Evidente que você tem o livre arbítrio de ser de direita ou esquerda, mas com opiniões coerentes e não endossar como um inútil componente das lógicas de grupos.
Lembrando que o conceito direita/esquerda teve origem nas assembléias francesas durante sua revolução quando os conservadores girondinos sentavam à direita enquanto os Jacobinos à esquerda.
Cada qual seguindo a lógica de seu grupo...
E quando o grupo está equivocado, como fica? Quando suas teses levam ao erro e você vai junto?
A lógica descontrolada, não conseguindo controlar minha maluquez como diria um certo maluco beleza.
Ah, o discernimento, tem isso, apesar de que certos erros ainda conseguem finais felizes...
A própria literatura revela essa faceta quando erros forçam a busca do novo.
Ora, quando sentimos que estamos em caminhos errôneos nosso emocional se rebela e manda a acomodação para os fundos oceânicos.
Vejam, errar faz parte, é essencial, enquanto as perseguidas lógicas de grupo perdem-se na luta do diabo contra o Céu.
Comments