Algo ou alguém abriu a funesta caixa.
Quem sabe, eu mesmo.
Arrisco os primeiros passos, ameaço sair correndo ou voando mas ainda tenho medo.
Não saí totalmente do túnel, faltam poucos passos mas já não estou receoso.
Não vou me precipitar.
Vou devagar, com calma...
Falta pouco.
Muito pouco.
Agora deixem eu curtir esse aroma da liberdade, esse frescor suave.
Olho para a frente, nada impedindo, atrás está o horror, quero andar e parece que estou sendo empurrado.
Vamos...
Vai...
Ando de um lado para o outro, falta pouco para a cartada final.
Muito pouco.
Uma enorme pedra olha para mim, vou para o outro lado.
Dou mais dois, três passos para trás e quase entro de novo na maldita gaiola.
Mas novas forças surgem, meus pés estão formigando e recomeço a cartada decisiva.
A claridade do fim do túnel ou da portinhola da gaiola está ali...vamos...
Falta pouco.
Muito pouco.
Os muros do coração exigem seus espaços nos lugares dos muros de cimento.
Quero voar, mas cuidado, não quero cair...
Não caia...
Não há mais tempo para inverdades opressoras. O percurso crítico ficou no passado.
Vamos...vai...
Ainda dou uma escorregada para a direita e olho para a esquerda, nada está impedindo meu vôo.
Um silêncio vigilante ainda sussurra com vozes mudas.
Sons telepáticos?
Já foram vozes poderosas e arrogantes.
Parecem vozes cansadas.
Cansaram de cansar o cansado.
Me libertei delas, do bullying...
Meus conflitos parecem extenuados, estão cansados...estão partindo...
Agora vejo com clareza um céu azul aguardando meu vôo redentor.
O meu...o seu...
Mais uma vez olho para trás, a maldita gaiola está se afastando.
Falta pouco.
Muito pouco.
Não falta mais...
Um grande 2024 para todos...
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