Linda palavra.
Excêntrica.
Sempre que essa beleza de palavra surge em meus textos, Pablo Neruda aparece em minha mente. No filme "O Carteiro e o Poeta", a cara da mãe da jovem indignada com a ajuda do poeta para o apaixonado carteiro partindo para cima de Neruda e suas metáforas, me levam às gargalhadas.
A emoção é devastadora e revela o ícone chileno na literatura mundial.
A netflix está apresentando em sua grade mais um filme sobre Neruda. O filme dirigido por Pablo Larraín com o simples(?) título de Neruda, mostra um perseguidor angustiado e em dúvidas quanto ao "perigoso" escritor. No seu final, o policial suspira no gelo dos Andes com Neruda ouvindo suas derradeiras palavras.
Imaginem, um escritor fugindo a cavalo nas geladas montanhas da Cordilheira dos Andes, um poeta que ao voltar do exílio falou para mais de 70 mil pessoas.
E aí tenho que ouvir de seguidores dos queridos irmãos da América do Norte que sempre está de olho no gás latino, no petróleo, etc, que somos comunistas...aff...
Ainda assim a literatura desbrava sua força e Neruda arrebenta com seus verbos e versos. O bem, às vezes, sobrevive.
E as metáforas financeiras? Sim, elas existem, o paradoxo do capital. Imaginem se todos fossem milionários, seria ótimo, porém como explicar os suicídios de ricos se atirando do vigésimo andar? Não quero dizer que ser pobre é uma maravilha, longe disso, apenas alertar e confirmar o velho bordão "nem tudo é dinheiro".
Já fui mais feliz acampado numa pequena barraca do que instalado num hotel de luxo na Barra da Tijuca. Já fui mais feliz com meu "fuca" nos anos 80 do que dirigir na mesma época um Galaxy clássico, onde só o ar-condicionado era maior que meu fuca cor de vinho.
Evidente que é melhor estar no carro mais luxuoso ou na suíte presidencial, porém se o indivíduo não estiver "numa boa", de nada vai adiantar o bem estar material.
Charles Dickens tinha "grandes esperanças" que levaram um menino pobre saborear uma vida com todas as possibilidades pelo patrocínio de um tutor, mas em seu final, o personagem Pip desiludido com sua fortuna retorna à velha vida, ao seu padrasto humilde, talvez o único que o tenha amado em sua jornada. Pip viveu e sentiu a pobreza e as glórias do dinheiro, viu aparecerem suas "grandes esperanças" desmoronar diante das cobiças e traições, dos interesses em amizades pelo dinheiro e para piorar, desilusões amorosas.
Lembrei de Nietzsche que disse certa vez que o melhor lugar para se viver é onde você está, simplesmente porque é onde você mora, seu lar...
Um relativismo seguro e confiável.
Viver "sua" vida, sua cidade "posto que você vive lá " arremata Nietzsche.
Não é triste ver pessoas querendo viver o outro? Desejando ser como seu ídolo?
O resultado é que não vive nem sua própria vida. Muito menos uma metamorfose ambulante nem que se transformasse num grotesco inseto.
O paradoxo do capital, a metáfora do dinheiro e a felicidade paradoxal assumem complexas definições e prefiro torcer pelo apaixonado carteiro do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.
Brilhante, Coca! Tuas palavras flutuam como estrelas. Neruda me diria: Isto é uma metáfora. E eu diria: Isto é Esperança.
Uma Estrela há de trazer a justiça entre os homens.
No meu modo de ver, dinheiro não traz felicidade para ninguém. Mas o orgulho do suor e da coragem enfrentando e vivendo cada momento. Viver é buscar eternamente a nossa própria essência