Ops, errei o título, deveria ser "Eu Sabotador".
Aquela voz interior que só me prejudica.
Aquela voz interior que só me subjuga.
Aquela voz que me insere num mundo de calabouços.
Aquela voz...maldita.
Aquela que muda meus planos e faz que minha natação fique para a próxima semana.
Ou aquele desejado curso ou ainda o início do famigerado regime.
Sabem aquelas lutas contra as cobertas no inverno?
Essas...
Quando quero "motivar a ação", surgem as tais malditas vozes.
De onde elas vem?
Quem está falando?
Afinal, quem está no controle?
Quero definir meus atos, não quero me igualar a seres que imitam até maneiras de falar.
Sei, assunto batido, mas vocês sabem, sou engolido pelas teorias da Escola de Frankfurt e é claro que vou unir alhos com bugalhos.
Ora, a cultura de massas cria vontades não é mesmo?
Sempre sugerindo desejos, todos os dias, noites e madrugadas.
Eles atirando pedras e motivações, porém, as deles. Jogando tudo na minha cabeça como se eu fosse a pobre Geni.
E meu Sabotador ainda complica e se mete onde não deve, sua presença e seu atrevimento almeja entristecer meu churrasco à noite quando estou curtindo estrelas e feliz com uma Lua brilhante.
Mas ele, o desgraçado Sabotador insinua que o céu estrelado traz uma beleza triste.
Ah tá...
Sai fora meu...
Sim, sei que existem sabotagens de todos os tipos, Tchecov em 'As Três Irmãs", lembra que as vezes estamos num restaurante numa grande cidade e mesmo não conhecendo ninguém não nos sentimos deslocados. Por outro lado, em pequenas cidades, ao redor de conhecidos, não raras vezes sentimos uma profunda solidão.
É, os sabotadores agem de formas estranhas e complexas.
Pois não é verdade que em certos momentos o perdedor parece mais vencedor do que aquele que se considera superior?
Mais racional seria controlar a ganância.
A maldita ganância que não deixa o espírito em paz.
Ele quer mais.
Nós queremos.
Parece que nem a maior das prosperidades satisfaz.
Nem a mais alta.
Talvez o trigésimo quinto andar onde o suicida vê a única saída, ele que tem tudo e não tem nada.
Um dos mestres do filósofo Sêneca chamado Átalo, dizia que às vezes somos como cachorros quando recebem ossos, quando terminam de saborear um enorme osso e já estão pulando querendo mais, mais, mais...
Somos como as mandíbulas dos cães, almejamos mais, mais, mais...
É meu sabotador provocando.
E se Sêneca disse que "quando um homem não sabe para qual porto ele está indo e portanto, nenhum vento é certo", então abro uma garrafa de vinho e concordo com o filósofo Bob Dylan, ele sabe que as respostas, meu amigo, vem com o vento...
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