Miopia Utópica
- cocatrevisan
- há 5 dias
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"Vai dar tudo certo, ele já foi hospitalizado", disse o colega depois de seu companheiro levar um tiro num posto de gasolina durante um assalto.
Mas amigos e amigas, não, não está tudo certo em nosso violento cotidiano.
Esta cena aconteceu em Março em São Paulo mas poderia ser em qualquer outra cidade.
E este funcionário teve muita sorte diante do número estarrecido de mortes e feridos que conferimos todos os dias em nossos jornais.
Salve-se quem puder e mesmo com meu eterno otimismo, tem horas que o desânimo recrudesce.
Vibro com as palavras de sabedoria de nosso "planetário" Edgar Morin.
Suas teses humanas mantém nossas esperanças, sempre, de dias melhores.
Ainda vivemos como nossos pais...
Reforçando o que disse Diego Rubio numa conferência em 2023 na World Futures Day(FWD), "porque o primeiro requisito para ter um futuro melhor é ser capaz de imaginá-lo".
Pois é, sempre pensei que fosse a esperança mas tenho que concordar que se não conseguir "imaginar" a esperança...
A conferência dada em Paris na sede da UNESCO trouxe outras regras essenciais.
Rubio disse que "nossos ancestrais sonharam com uma democracia universal em pleno Absolutismo e sempre sonharam com a paz quando metade do planeta estava em guerra", porém, agora convivemos com negacionismos em pleno século XXI.
Como reverter tais processos que não param nunca?
As "Eras" de Eric Hobsbawm alertaram, temos um progresso tecnológico sem precedentes porém
com duas Guerras Mundiais, crises, fome, etc.
É, é isso, simples assim, precisamos mudar, imaginar a esperança, Rubio enfia palavras duras.
Somos fortes como o chefe indígena, mudo e surdo preso num hospício, mas que ainda tem forças para lutar contra o sistema e volta a falar em "O Estranho no Ninho"(Ken Kisei).
É, dá para "imagine" todas as pessoas vivendo em paz como queria John Lennon.
O beatle até parece um indivíduo míope porém seus versos trazem clareza para sociedades alternativas.
Ah, as palavras, os versos, os verbos de nossos poetas.
Eles imaginam.
Eles são reais.
Azar deles, aqueles outros...
Os impulsos, os botões da felicidade circulam por aí.
A campainha do mandarim de Eça de Queiroz cobrou caro a ganância de Teodoro.
Lembram?
Para o sofrido Teodoro dizia-se que na distante China havia um mandarim muito rico mas que, por situações que só Queiroz poderia esclarecer, havia uma campainha que resolveria todos os problemas de Teodoro. Bastaria ele apertar a campainha...
Só isso.
E ele apertou...
Com o tempo, Teodoro foi conferir como estava o infeliz mandarim e se arrependeu de sua ambição.
Talvez fosse melhor manter uma míope utopia...seria menos complicado, pobre...
Todos os problemas estariam ou não resolvidos, tudo estaria bem mas não...não está tudo bem..
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