Momentos

Se quiser falar...fale.

Se desejar escrever...escreva.

Simples, mas faça.

Na cidade, no campo ou nas serras, diria Eça de Queiroz.

E se esse momento é meu, não duvide, o seu também é real, ele existe para todos...todos aqueles que percebem os instantes eternos.

Os momentos eternos voam.

A (in)significância é real, dúbia, estranha.

E se agora vou dormir o outro vai despertar.

E vice-versa, sempre foi assim e assim será, companheiros de jornadas.

Mas ainda assim posso discordar?

Espero que sim pois vou aceitar o seu momento, ah, os instantes eternos de Michael Maffesoli vibram e Raul Brandão em seu "Húmus", entra de soleira "não há anos, há séculos onde os gestos são mais lentos".

E mortais.

O tempo trapaceiro avisa, foi um tempo que o tempo não esquece, já dizia o poeta e cantador Zé Ramalho.

No último mês de Agosto perdi dois amigos, uma amiga e um cunhado.

Como não vou duvidar, debater, aceitar e perceber que os momentos são instantes eternos?

Os instantes de Maffesoli deveriam ser estudados em escolas e faculdades (bom, em algumas de Comunicação ele é referência), e lá o cara destrincha os...momentos...

Então, fale.

Amanhã, você pode acordar com um corpo estranho, talvez uma barata.

E vai desejar ficar escondido em um quarto escuro.

Mudo.

Sei, sim, pode acordar com uma morena ou loira com coxas de outro mundo em sua cama.

Vejam só, provavelmente você falou muito na noite passada.

Que momento.

Acordar com uma Deusa ao seu lado.

Ahh vida.

Prazer.

Alegria.

Existência.

Morte...

Vazio...

Tudo é momento.

Não quero ver relógios derretidos.

E cuidado, pois eles, sempre eles (agora me refiro aos momentos) são instantes que comprovam nossa eterna existência.

Portanto, eles não vão voltar.

Não são como as ondas do mar, aquelas que se repetem agradecendo ondas milenares.

Aliás, podem ser sim...

Somos como as espumas ancestrais das ondas...eternas...

Garantindo instantes eternos, religamos pontos à eternidade.

Brandão esfrega a morte na vila miserável "ela se reduz a uma cerimônia em que a gente se veste de luto e entrega cartões de visita".

Neste instante exijo da morte...momentos eternos...