Não sei quantas vezes já citei Heidegger para alegrar corações vazios.
Sim, Heidegger...
Aliás, ele dizia que o vazio é necessário e o exemplo da pescaria confirma como o negativo é essencial em nossa jornada.
Ora, qual a graça de pescar se temos a certeza de uma grande pescaria?
Qual a motivação de voltar a pescar?
Belo paradoxo.
Num artigo sobre a temática, novas "propostas" emergem e sacodem poeiras funestas.
Vejam só.
Raul Seixas imaginou um dia em que a terra parou quando ninguem saiu de casa. Agora pensem num dia onde não houve mortes. No mundo inteiro.
Num determinado dia não houve nenhuma morte nos quatro cantos do mundo. Nenhuma.
O tal artigo sugere a proposta e o que era para saudar, assustou todos os seres vivos do planeta Terra.
A religião sofreria abalos estruturais e existenciais correndo risco de sumir do mapa. Como o autor do texto disse, "as religiões existem para que as pessoas levem toda a vida com o medo pendurado ao pescoço e, chegada sua hora, acolhem a morte como uma libertação".
Por favor amigos e amigas não confundir religião com "Ele", o Mestre...
Voltemos ao artigo, talvez para viver a morte. Ou para morrer a vida pois não temos dias que parecemos mortos-vivos e com consciência de que estamos vivos somente porque "pensamos", algo que os defuntos não fazem...bom, eu acho...
Tolstói disse certa vez que quando ficamos sabendo que algum conhecido morreu, sim, ficamos tristes, mas alegres por não ter sido a nossa vez.
Coisas da vida.
Ou da morte.
Entre sapos e pirilampos é preciso realmente saber viver e não temer a morte como Gal Costa cantava.
Ora, um dia sem mortes?
Não, não é possível muito menos natural ou aceitável. O mundo Dele é perfeito e a morte é necessária (bom, depois dos 95 aninhos...) e se para os epicuristas nada existe após a morte porque ter medo dela?
Já gostei dessa ideia mas estou revisando conceitos pois pretendo viver a morte e curtir esse tal de Existencialismo da melhor forma possível, até mesmo na eternidade.
Sim, todo dia é dia de índio e nunca é tarde para descobrir encantos mil. As flores vencendo canhões. E se gostamos de contar piadas de português, é bom lembrar a imagem icônica da Revolução com flores na "boca" dos canhões para desmanchar uma sátira injusta.
Quero andar com fé e ficar de olho na exigência da pós-modernidade com sua velocidade fugaz.
Mário de Andrade dizia que se temos pressa o problema é porque em muitas ocasiões não sabemos somar.
Simples.
As peças estão apresentadas, talvez com rumos inexatos e sem a certeza necessária.
Ah o mundo líquido de Bauman.
Viver é morrer, sim, temos certeza, pois não dizem que desde nosso primeiro dia entramos nos últimos?
Mas a esperança é verbo.
Ela resistiu talvez ao momento mais desesperador da humanidade quando crucificaram Cristo anunciando o fim dos tempos.
Porém, Pedro e Tiago reuniram o grupo no mesmo local da Última Ceia pedindo para seu seleto grupo seguirem o projeto divino.
E não pretendo imitar Cléofas ao não reconhecer Cristo ressuscitado na estrada...
Sim, a luta continua para seguir na eternidade e crer que morrer é viver...não é mesmo?
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