Faço questão de repetir, sou frankfurtiano, sigo à risca a Escola de Frankfurt e nunca vou desistir de suas teorias. A indústria cultural é nefasta mas atual, agindo em vários segmentos.
É verdade que o sonho libertador do Iluminismo esmoreceu diante do capitalismo e do imperialismo e nosso sonho de um mundo mais justo desapareceu com as submissões econômicas, tornando nossos sonhos...sonhos.
Dostoiévski diria que foi um sonho de um homem ridículo. Nisso reside a relevância das teses de Adorno, Horkheimer, etc, ao deflagrarem nossas debilidades, afinal não somos donos nem de nossas próprias palavras. Falamos e repetimos o que mecanismos camuflados ditam. Somos gado (ops, eu não, e tenho certeza que meus seguidores, também não). Porém, o tal gado é expressivo e como diz o escoteiro, temos que estar alerta.
Ainda assim, os mecanismos psicológicos nas redes sociais com seus fakes arrastam milhares de inocentes. Walter Benjamim, outro representante da Escola de Frankfurt, escreveu em suas teses sobre a filosofia da história, que nunca houve propostas culturais que não estivessem atreladas à barbárie, como o fascínio de multidões pelo nazismo. Os frankfurtianos nos revelaram que guerras nem sempre são feitas com bombas, mas também com ideologias propagadas por uma indústria de culturas e linguagens, sempre apoiadas por elites e mídias malditas. Goebles que o diga. As mensagens são manipuladoras e se eles dizem que o verde é amarelo, multidões acreditam. Não demora para os indivíduos repetirem conceitos da difusão de ideologias, pois querem estar incluídos, afinal "penso como eles, também sou da elite", porém com dívidas até o pescoço, cabeça e cabelos.
A doutrina é implacável e até hoje o velho imperialismo segue agindo, e a todo vapor. Enquanto isso, fascistas gritam slogans dizendo que sua bandeira jamais será vermelha. Vermelho estão suas contas nos bancos, onde seus proprietários dão risadas das confusões ideológicas, mas com seus bolsos cada vez mais recheados. Como diria o grupo musical gaúcho dos anos 80, 90, Tambo do Bando, são uns ingênuos malditos.
Noam Chowsky sempre disse que as doutrinas são articuladas com a difusão do pânico, explorando o gado que acredita nas ameaças, onde agora, os canhões vencem as flores.
Os malditos são tão ingênuos que apoiam caçadores de marajá onde o maior marajá é o caçador e mitos insanos que dizem estar combatendo a corrupção com rachadinhas, laranjais, etc.
Tudo com colaboração de globos, jovens pans e vejas...as mídias malditas. E mais, falsos pastores que lembram a desgraçada igreja da Idade Média. Enquanto isso, o salário ó...
Chowsky, por sinal norte-americano, deixa o alerta: "é mais fácil do ponto de vista psicológico organizar a oposição a um ataque militar do que se opor a um programa de ambição imperial".
Fico indignado com uma Miriam Leitão criticando seu candidato. Agora? Apoiou o golpe com seu filho Vladimir Neto que publicou um livro com as fakes do juiz Sérgio Moro.
Batiam palmas para Sérgio Moro e agora querem bancar as Marias Madalenas? Tá loko.
Mas calma, a história é implacável e ela já está provando isso.
Entretanto, queria ter certeza que um dia "aqueles que fazem parte dessa massa" entendessem as palavras de Chowsky, Adorno, Horkheimer, Marcuse, Foucault, Benjamim, além de Chico Buarque, Jessé Souza entre outros.
Porque não é fácil tanto ter que caminhar e dar mais do que receber, e ver nossos projetos do futuro desabarem com golpes políticos apoiados por mídias malditas.
Mas vamos adelante que a luta é antiga, desde o iluminismo. O homem doutrinado do século XVIII desejava e sonhava com sua emancipação, porém isso foi só um sonho que se sonha só. E se o liberalismo apregoava que a Educação seria companheira dos progressos científicos, algo deu errado. As culturas massificadas aniquilaram tais projetos e falsos líderes corroboraram no fracasso.
Adorno afirmou que "os líderes fascistas expressam sintomas de inferioridade, suas semelhanças com atores canastrões e com psicopatas associados é ainda mais antecipada pelas teorias freudianas". É, mas acho que na atual Brasília nem Freud entenderia o pessoal de lá.
Aquela turma que diz que não há mais corrupção e ponto final. E pasmem, acreditam. O homem sem emancipação acoberta a propaganda das mídias malditas e o baile segue. Porém, como já disse, a história é implacável. Jessé Souza esclarece ainda mais nosso entendimento quando diz que "no bolsonarismo, são as idéias e as práticas da extrema direita americana abertamente racista que se tornam operante no Brasil...em vez de consolidar a união das classes altas contra os pobres, ele serve agora de combustível para uma guerra entre os pobres". Eis os pobres de direita.
E agora "eles" ainda vem com um elemento novo (não tão novo assim), com maior representatividade, o ódio. Ódio à oposição e a própria democracia, aquela democracia sonhada pelo homem moderno.
E temos que escutar eles se dizerem democráticos. Vejam bem, ser democrático pode significar um governo só dos "melhores", muito cuidado nessa hora. Além disso, podem servir de advogados das ordens superiores. Em outras palavras, uma democracia disfarçada, rodando ao redor com amigos presos, amigos sumindo assim...não é mesmo Gilberto Gil e amigos?
Ah, suas indústrias culturais, estou de olho há mais de 40 anos.
Enquanto isso o ódio vai elevando o ranço, com os direitos humanos sendo enquadrados onde quem grita mais alto leva vantagem. Não vejo a democracia moderna garantindo aquelas lindas frases dos direitos humanos, ela serve mais à destruição do que justiças sociais.
Por isso estudo e pesquiso as culturas industrializadas. Há 15 anos atrás uma professora universitária me disse que a indústria cultural era uma temática superada. Sim, concordo que a semiótica e a filosofia da linguagem pediam passagem mas menosprezar as malditas mídias? Tá loko...
Porém não me entrego e mesmo quando me dizem que não sei cantar, que é melhor deixar meus sonhos para outra hora, "que a segurança exige medo, que nessa festa você está de fora, não acredite, grite sem demora...eu quero ser feliz agora" (Osvaldo Montenegro).
Nós também somos um exército com vozes afinadas que clamam, e um coro com Tambo do Bando, Chico Buarque, Zé Ramalho, Gilberto Gil, Geraldo Vandré e Osvaldo Montenegro tem maior representatividade e sensatez, e não vai ser uma mídia maldita que vai censurar nosso canto com nossos verbos que pedem novas leis.
Na edição de 3 de Agosto de 2016, logo após o golpe, o colunista fJ.R.Guzzo escreveu um texto com o título "assim pode até dar certo" onde elogiava as novas medidas (sic) do golpista Michel Temer. Ele dizia que "trata-se apenas de interromper um desastre em progressão desesperada como a que a presidente da República vinha fazendo até ser afastada do cargo".
Lembram daquela frase "é só tirar a Dilma"?, pois é, taí um típico exemplo da maldita mídia. E agora colunista bolsonarista disfarçado? Agora está uma beleza né? Esse é o preço que pagamos por esses malditos, esses, esses...deixa pra lá...
É muito interessante como você consegue transpor a filosofia para as mazelas atuais. Parabéns.