Não Tenho Certeza

Valorizo teorias de Zigmunt Bauman e do mundo complexo de Edgar Morin, porém realço o novo considerando o velho.

Talvez somente assim possamos sair do raso.

Talvez somente assim possamos ter forças para ir além.

Mas ainda assim não posso menosprezar conceitos de René Descartes, algumas razões são necessárias.

Quando Descartes diz que "os estudos devem ter por meta dar ao espírito uma direção que lhe permita formular juízos sólidos e verdadeiros sobre tudo que lhe apresenta", acrescento possibilidades.

Confuso?

Penso que não. Não almejo o racionalismo mas é evidente que lógicas devem ser apreciadas, que por sua vez podem suportar minha maluquez, controlada e misturada com minha lucidez...alguém já disse isso...

O próprio Descartes disse em 1628 que não era necessário limitar espíritos porque o conhecimento de uma única verdade não impossibilita a descoberta de novas teorias.

Lembrem -se, era o século XVII. O que ele diria em tempos atuais?

Ora, se teve tempos que os trovões eram roucos de se ouvir quando céus começaram a se abrir (Zé Ramalho), então.que as incertezas superem as certezas, ou vice-versa, venha o que vier, não tenho certeza, mas estou em paz.

Sim, é isso, estando em paz mesmo não tendo certezas, as incertezas serão glorificadas. Sempre imaginamos teses radicais de René Descartes (bom, eu pelo menos), mas vejam que ele antecipou em séculos a teoria da complexidade de Edgar Morin, "se alguém quer procurar seriamente a verdade, não deve escolher uma ciência específica, todas elas são unidas entre si e dependem umas das outras".

E eu que sempre critico Descartes.

"Culpa" de certos professores.

Eis a essência de sempre estar com os livros nas mãos, caso contrário corremos o risco de dizer que a terra não é redonda.

Ah, e existem ainda os paradoxos, as ilusões e o ceticismo para complicar o senhor da razão.

Descartes citou ainda teorias de Epíteto dizendo que "toda vez que dois homens formulam sobre a mesma coisa juízos contrários, certamente um deles está enganado ".

Será?

O ceticismo entra no debate lembrando que quando estou vendo um carro longe, ele parece pequeno, porém o mesmo carro tem aparências maiores para aquele que estiver mais próximo.

E nenhum deles está enganado.

Paulo Maluf ao ser flagrado por suborno ao ver sua imagem, disse ao ver a reportagem na televisão "que este senhor aí é muito parecido comigo".

Que coisa...

Mas prefiro viajar nas incertezas líquidas de Zigmunt Bauman (ou através das minhas taças de vinho) enquanto Descartes me leva ainda às mídias malditas numa viagem temporal ou atemporal...Não tenho certeza...

As controvérsias bailam nos personagens midiáticos com criadores de conceitos e culturas industrializadas conforme interesses econômicos.

Pelo menos vamos reconhecer que a Comunicação também é ciência onde a razão se perde em todos os tipos de algoritmos, diria René Descartes.

Mesmo porque nos pensamos...

E existimos...