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O Mar

  • cocatrevisan
  • 22 de jun. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 1 de nov. de 2021

Sempre tive fascínio pelo mar. Sua beleza e magnitude me acalmam. Meu coração agradece quando fico horas sentado numa cadeira de praia, olhando as ondas do mar, uma após a outra, não me canso.

Sou como Danilo Caymmi que canta, "eu tenho em mim dois corações, um que é do mar e um das paixões". Que beleza.

Ernest Hemingway consagra o Mar com seu livro premiadíssimo "O Velho e o Mar"(1952) e é agraciado com o prêmio Nobel da Literatura, dois anos depois. Vi o filme ainda quando era criança, em preto e branco, e nunca mais esqueci da luta do velho pescador Santiago. Frases do pescador sintetizam o minúsculo homem diante da grandeza azul "O mar é muito grande e meu barco muito pequeno".

Tudo leva a crer que a inspiração de Hemingway surgiu em 1936, quando ele teve contato com um pescador, que passou duas noites e dois dias num combate feroz contra um enorme marlim nas praias cubanas. Hemingway viveu 22 anos em Cuba, e sua relação com o mar comprova essas resistências humanas, que servem como mensagens de confiança.

A historia narra a epopéia do velho Santiago, que depois de 84 dias sem pescar nada, fisga um peixe de 5 metros, maior até do que seu próprio barco. Uma luta do humano com a natureza do imenso mar azul.

Hemingway diz que o velho nunca esmoreceu, e todos os dia saía em busca do seu prêmio mesmo que "Tudo o que nele existia era velho, com exceção dos olhos que eram da côr do mar, alegres e indomáveis".

Imaginem a beleza da cena, quando Santiago parte para o alto mar, quando viam-se outros barcos das outras praias, e na escuridão da madrugada, só se ouvindo os barulhos dos remos.

Ainda lembro da minha infância, na praia de Tramandaí no Rio Grande do Sul, nos anos 60 e 70. E concordo plenamente com o filósofo Heráclito que dizia que a gente nunca entra duas vezes no mesmo rio (no caso, no mar). Nunca um dia era igual ao outro. Minha mãe tirava fotos de seus cinco filhos, e eu repeti o gesto com minha filha, que por sua vez, faz o mesmo ritual com meu neto.

É, o mar faz parte da família. E por mais que os cargueiros despejam óleos em seus acidentes terríveis, o mar retorna com resiliência, mais azul, limpo e brilhante.

Se Danilo Caymmi e toda sua família reverencia nossos mares, outras dezenas de autores e cantores idolatram nossas praias com suas poesias vangloriando a beleza das ondas. Alceu Valença diz que "quando eu olho para o Mar, dentro do mar, vejo o rio..." e Lulu Santos segue sua vida como uma onda do mar.

Mas o mar mostra sua crueldade, com suas ressacas reivindicando espaços perdidos. Tem um vídeo no YouTube, onde uma ressaca amassa o carro do eterno Raul Seixas, mas Raulzito não se abala, e concorda com a revolta da onda, "é uma profecia...e a onda tá certa..."

Raulzito sabia das coisas...

Acho que Thomas More falava em mares em sua utopia. Aquela imensidão azul às vezes parece uma ilusão e não esqueçamos, utopia significa "nenhum lugar". Sensacional, esse é o mar, de tão belo que parece lugar nenhum. Acho que aqui Karl Popper iria se "estrepar" com suas teses contra os pensamentos utópicos. Sim, ele se referia mais aos pensadores liberais, mas o mar bateu forte com suas ondas de lugar nenhum.

Pois já disse, ele me acalma...

 
 
 

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