top of page
Buscar
  • cocatrevisan

O Pesadelo do Ridículo

Não sou Dostoiévski, estou longe, mas muito longe da capacidade do gênio russo. Há milhares de léguas. Porém, tive um pesadelo que lembrou o sonho do homem ridículo. Também não sei se foi realmente um sonho, uma imaginação ou uma overdose de remédios.

No meu sonho, ou alucinação, a encrenca era grande, e chamaram engenheiros da Nasa, cientistas russos e chineses, a ocasião era de urgência...urgentíssima. Convocaram até o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan, pois para conseguir levar um time milionário para a segunda divisão tem que ser gênio. A velha astróloga Zora Yonara não foi esquecida para dar conselhos. Afinal, era caso de urgência, urgentíssima.

Os militares estavam apreensivos e dizem que um general louco recebeu uma mensagem de um general maluco de Júpiter, consta que também meio perturbado. O ET já andava de olho nas bizarrices terráqueas, mas resolveu fazer contato pois o caso era mesmo de urgência, urgentíssima.

No meu sonho, não ficou claro se era caso de guerra mundial, asteróides ou o apocalipse.

A situação era tão grave que também convocaram o capitão Kirk e o orelhudo Dr. Spock das Jornadas nas Estrelas.

Quando acordei comecei a ler uma revista da Seicho-no-ie. O artigo de um mestre falava em vitórias, vitórias em momentos difíceis e delicados, justamente como o que me assustou em meu sonho.

Entretanto, os mestres japoneses falavam em outro tipo de vitórias, aquelas do interior humano e certamente não poderiam ajudar os generais loucos simplesmente porque eles não conhecem tais âmagos.

Eles são peritos em fazer arminhas.

Até o representante de Júpiter entendia as palavras do mestre Taniguchi, porém nossos militares são resilientes e não aceitam as "vitórias" do nosso querido mestre.

Em certo momento de meu pesadelo as incertezas prosseguiam e minha angústia não definiu se eram enormes pedras rolantes do espaço que ameaçavam o fim.

Tudo estava nebuloso.

É, um tive um sonho, bem diferente do sonho de Martin Luther King. Esse era um sonho destruidor, desumano como Stendhal mostrou quando o professor Julien (que detestava as três crianças que ensinava) convivia com sua maldade à sociedade. Ele era regido por vingança.

E se o homem ridículo de Dostoiévski teve uma segunda chance, quem sabe a humanidade também não possa ter o glorificado privilégio. Até consigo entender a indignação de Julien contra uma elite "que rouba até de crianças desprovidas", mas avaliar o outro sempre pode trazer agruras.

Seria melhor sonhar o mundo de John Lenon, embora pareça ser impossível.

Pelo menos não vamos se basear em propostas vingativas nem destruir a beleza do mundo do sonho do personagem de Dostoiévski. Um personagem que, pasmem, ensinou a corrupção aos seres felizes do mundo imaginário (talvez o mundo de John Lenon).

E deixar o outro em paz.

E deixar o outro feliz.

Parece que ver o próximo feliz irrita o indivíduo. Estou exagerando? Quantas vezes ficamos incomodados quando passa um grupo de crianças ou idosos falando alto, felizes...parece proibido ser feliz.

Felicidade. Coisa de sonhos...ou pesadelos

110 visualizações3 comentários

Posts recentes

Ver tudo

Exílios Consensuais

O que leva indivíduos viverem toda sua vida na mesma cidade? E por outro lado porque milhares de pessoas pulam para lá e para cá? Sim, multidões mudam de cidades por questões profissionais mas milhare

Dezenas de Eu

A gente nem imagina mas conversando com um amigo sincero ele me revelou observações sobre minha pessoa que me intrigaram. Nada "grave", mas interessante. A forma como ele me analisava me deixou com um

O Imortal

"Procura-se Ben Richards...", assim começava a série O Imortal. Era a década de 70, anos em que enfiaram goela abaixo os chamados "enlatados americanos", séries dos EUA como Kojak, Baretta, Ratos do D

Post: Blog2_Post
bottom of page