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  • cocatrevisan

O Real do Surreal

Atualizado: 22 de out. de 2021


Quando a Europa estava em escombros depois das duas guerras mundiais, a arte fez sua parte na busca da reconstrução de um novo mundo. Obras como "Esperança"(1907) de Gustav Klimt já anunciava o caos que estava se aproximando. Klimt, (Art Nouveau), ainda condenou os desmandos da Revolução Industrial.

Os movimentos Art Nouveau, Surrealísmo, Dadaísmo e Expressionismo chegaram com uma nova estética. O Dadaísmo então, foi ao extremo e chocou o mundo entre 1916 e 1922.

Antes das guerras, Paris era o centro da Europa e da moda, a liberdade reinava, porém os gases da I Guerra Mundial e as bombas da segunda revelaram às monstruosidades humanas.

Com o fim delas, a desilusão pedia reconstruções de pensamentos, assim como vivemos no atual desgoverno. Necessitamos de um novo homem da mesma maneira como no trágico século XX. É também, diríamos, um mundo pós-pandemia se anunciando.

O teórico André Breton na década de 20, deu origem às novidades na literatura e belas-artes revendo o realismo e propondo uma arte livre, sem compromisso.

Porém, foi Guillaume Apollinaire que criou o conceito. Ele era crítico de arte e projetou um termo com significado superior, algo além da natureza.

Breton ainda incluiu Freud em sua jornada revolucionária com sonhos e inconscientes entrando nas esferas artísticas. Ele se direcionou para as idéias freudianas e foi um dos pioneiros a valorizar os sonhos nas vidas humanas.

O impossível, o irreal, o real e o surreal se entrelaçando em novos pensamentos e conhecimentos. Quem não conhece os relógios de Salvador Dali se derretendo?

Em 1931, "A Persistência da Memoria" transformou paradigmas. Ele pintou ainda obras com temáticas cristãs como o "O Cristo de São João da Cruz", mas seus sonhos talvez fossem a maior inspiração.

Esses movimentos debateram as desilusões dessa fase histórica, as descrenças generalizadas com a Razão e os ideais românticos,

E aí, nossos pensamentos entram em ação e realçam novos conhecimentos, pois a ação vai vir deles, do poder deles.

Quando Anne Frank em seu famoso diário, perguntou ao amigo Peter do que ele tinha mais medo, se era das bombas, das metralhadoras, fantasmas ou aranhas, seu jovem colega de "cela" disse que não tinha medo de nada, exceto dos pensamentos. Não temos controle deles. Aliás, é o que vemos nesses artistas. Não são seus pensamentos (e sonhos) que produzem seus quadros magníficos?

Como eles assumiram responsabilidades à humanidade desiludida, foram em busca de um "real" do Surreal...

Dizem que no Romantismo a verdade se confundia com a beleza, mas no caso trágico do momento, qual beleza? de qual guerra? de qual hospital? Deve ser lindo o soldado voltar para casa sem braços e pernas.

Eis a relevância de nossos geniais pintores, escritores, artistas em geral.

Como era época trágica, nossos artistas retratavam obras anti-estéticas, "feias", mas com um poderoso conteúdo. Era obrigação denunciar o horrível. O horrível das batalhas, o horrível das desumanidades da Revolução Industrial, o horrível, o horrível...

Como eram seguidores de Sigmund Freud, assimilaram seus "inconscientes" em suas obras.

Basta ver Salvador Dali, o tempo se derretendo, tigres voando e até os pássaros carregando novos significados.

Outros famosos "viajaram" na onda como André Masson no quadro "Ceifeiros Andaluzes"(1935), com esqueletos ceifando, fantástico, ou ainda "Europa após a Chuva" de Max Ernst.

Max constrói uma paisagem com árvores e montanhas estranhas, pessoas desfiguradas como mutantes através de uma técnica chamada de "calcomania". Nela coloca-se a tela sobre uma superfície pintada para depois seguir conforme seus efeitos e claro, pela genialidade de nossos mestres.

Nem citei Joan Miró e Hans Arp ou ainda o famoso "O Grito" de Edward Munch (Expressionismo). Um grito assustador denunciando a angústia da modernidade.

Breton, o criador do Surrealismo rejeitou o Realismo exigindo criatividade e liberdade. Queria outra realidade. Realidades como dos malucos dadaístas em seu Cabaret Voltaire. Um desapareceu, outro caiu morto em pleno Cabaret.

A busca de algo novo não tinha limites, nem que o real fosse consequência do Surreal.

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