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  • cocatrevisan

O Sinalzinho

Coisas de velho.

Coisas de saudosistas.

Estudei 13 anos no Colégio Santa Maria(RS) e tenho muitas lembranças com episódios inesquecíveis da infância e da adolescência.

Ah, as coisas de velho, sentimos que a idade avança quando fazemos "umas" que tempos atrás, dávamos risadas.

Numa das últimas visitas a SM fui no Colégio relembrar lugares e salas.

O campo de futebol está pela metade, a outra virou estacionamento. No interior do colégio, caminhei por antigos pátios e confirmei, o tempo, ah, o tempo é mesmo uma trapaça. Lembro que tinha 8, 9 anos e morava no edifício Augusto, quase ao lado do colégio e de lá, acreditem, escutava o sinal e descia correndo pelas escadas do edifício ignorando elevadores e chegava há tempo...tá loko...

Atualmente uma parte se transformou numa agência do Banco do Brasil e também numa visita à cidade fui no tal banco. Estava no caixa e disse para ele sair dali pois estava no meu lugar, exatamente onde sentava há 50 anos atrás.

São muitas recordações.

Adorava quando o professor Paulo La Porta(que me curte aqui...coisas da internet), de Educação Física liberava as aulas de exercício para partidas de futebol. Era o máximo.

E os outros professores?

Tinha o Pauleti de inglês, o Irmão Bruno, dizem que ainda vive, acho difícil, pois na minha época já era de idade avançada, tinha a Genoveva de Biologia, a gostosa, ops, a linda Tânia de Português, o Zeca Diabo de Matemática entre outros.

E o Cenourão? Um alemão magro, alto, voz grossa, morríamos de medo dele. Um dia o colega Zé Domingos comentava sobre o apelido do professor e não percebeu o mestre entrando na sala de aula. E o mestre ouviu...

Indignado, o professor pergunta pro Zé Domingos como era o nome dele.

Descendente de espanhóis, o colega usava sobrenomes do pai, mãe, tio, avós, e disse em voz alta, José Domingos Alvarez Alonso Gonzalez Perez. O Cenourão não perdoou e falou "que bonito nome, meu filho, pena que é de ladrão...foraaaaa".

Ah, lembrei das excursões nos finais de ano. A primeira foi para as Ruínas de São Miguel (não sabia nem que tinha pego fogo...tóinnnn), um sonho. Na segunda vez, novamente para a histórica São Miguel.

Beleza.

Na terceira vez, para onde?

Ruínas de São Miguel...ah não, de novo não...

Num outro ano, a excursão foi para a cidade de Rio Grande para conhecer o famoso museu de Oceanografia, o Porto e as praias e sabem quem estava no comando? O Cenourão...tá loko...

Lembro de mais uma, já com uns 14, 15 anos, fomos a Porto Alegre assistir show do Santa esmeralda, desta vez com a Genoveva tentando controlar os maluquinhos.

Mas vamos a história do "sinalzinho".

Foi com o professor Zeca Diabo, de matemática, aliás seu apelido teve origem porque sua voz lembrava o personagem da novela "O Bem Amado".

Numa de suas provas, diante daqueles problemas "enormes" do segundo grau, que preenchiam uma folha inteira de cálculos e regras, fiz tudo certinho, raciocínios perfeitos, mas errei o sinal na resposta definitiva, colocando negativo invés de positivo. O tal Zeca Diabo deu zero e fui tomar satisfações, "pô professor, fiz tudo certinho, fórmulas, somas, e vai dar zero só porque troquei o sinal?".

A resposta do mestre que nunca mais esqueci foi mortal: "seu Valdocir, o senhor é um engenheiro numa cidade pequena e constrói a obra da cidade, uma linda ponte na entrada", ele me olhando com aquela voz inconfundível.

Ele segue seu discurso "no dia da inauguração estão todos lá, o prefeito, os vereadores, o fazendeiro, o farmacêutico, o açougueiro, todos felizes com a apresentação da banda da cidade. Ao passar na ponte, tudo vai abaixo, seu Valdocir e quando vão te questionar, seu engenheiro de meia tigela, o senhor vai dizer que errou só o sinalzinho,"...

Olhei para ele, ele deu uma risadinha e eu fui embora com meu zero no bolso.

Ah, concordando com o mestre, claro, aquele desgraçado e inesquecível professor.

Lima Duarte que se cuide...



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