top of page

O Telefone

  • cocatrevisan
  • há 2 dias
  • 2 min de leitura

Com base no "Sobrevivente" de Chuck Palahniuk este texto segue pulsações de vida ou de....morte...

E obedecendo meu eterno otimismo busco orientações com céus límpidos e azuis.

Chuck conta um caso estranho de um indivíduo que tinha um emprego de "burro de carga" e que se divertia de forma obscura.

Quando um jornal fez uma reportagem sobre telefones de auxílio à pessoas desesperadas ou mesmo suicidas, nosso personagem foi ver do que se tratava, afinal a novidade poderia trazer novas oportunidades.

Porém, por engano, colocaram o número de seu telefone nas publicidades e os telefonemas começaram a bater em sua casa.

Agora, ele era um doutor das palavras, um psiquiatra e vejam só, tinha poder de salvar vidas.

Ou acabar existências.

Era uma pessoa importante.

E ele gostou da notoriedade.

Atendia os desesperados mas não entendia dramas que para ele eram banais.

Ficava irritado e às vezes, irado, dizia que se queriam acabar com suas vidas que acabassem de uma vez.

Ricos excêntricos a beira do suicídio por brigas de amor ou fracassos profissionais ligavam com suas vozes arrastadas.

Para ele eram tempestades em copos de água, pois considerava seus problemas muito mais graves, sem dinheiro para moradia, comida...

Todas as noites dizia que não iria atender mais ninguém mas chegava na hora lá estava ele...de prontidão...

Tinha raiva mas escutava os dramas, alguns surreais e prometia encerrar sua nova atividade.

Mas como também almejava se vingar das instituições capitalistas punitivas que assolavam seu cotidiano, todas as noites lá ia ele se agarrar nos fios da vida ou da morte.

Ora, agora tinha poder, não era apenas um homem simplório, não era o homem ridículo de Dostoiévski, não, ele era poderoso e podia decidir mortes e vidas.

Era quase um Deus.

Mas as ondas do Poseidon são resilientes e as águas assustam. O ator Richard Dreyfuss no remake de o destino do Poseidon, deprimido por perder seu namorado, quando se preparava para pular do transatlântico repensa sua vida ao ver aquela imensa onda se aproximando.

Porém, o maldito(ou bendito) telefone segue sua orgia.

E recorro aos instantes eternos do escritor francês Michel Maffesoli, onde cada segundo que vivemos prova e justifica nossa jornada.

O aqui e agora recrudesce e pode suprimir a crise momentânea, pois seus telefonemas como vimos, só Deus sabe "quem" vai atender...do outro lado...

E com certeza, se cada um valorizar seus segundos, cada dia, nosso personagem sofrido vai ter que procurar outros empregos...

 
 
 

Posts recentes

Ver tudo
Propostas Diabólicas

Margarida era rica, e queria voar. Estava "presa". Não soube exatamente como mas depois de passar um creme em seu corpo, presente...

 
 
 
Crescendo no Absurdo

Bom, esse absurdo pode ter inúmeras referências, a miséria, dores existenciais, pobreza, torcer para o Inter... Porém, quero priorizar...

 
 
 
Humanismo no Jornalismo

Ou melhor, a falta dele. Do humanismo. Este blog tem cinco anos e acho que já escrevi um texto com esse título. Revirando caixas...

 
 
 

1 Comment


carvalhohelani
há 2 horas

Pra refletir

Quando a gente pensa que tem um problemão...

Like
Post: Blog2_Post

Formulário de inscrição

Obrigado!

  • Facebook
  • Twitter
  • LinkedIn

©2020 por Violências Culturais. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page