O escritor chileno Roberto Bolaño propôs teses estranhas onde buscou justificar nossa incapacidade na luta contra forças capitais.
Seguindo conceitos de Bolaño, a doutora em Literatura e Cultura pela Universidade Federal da Bahia(UFBA) Júlia Morena Costa avalia uma suposta estética no fracasso se baseando nas palavras do autor chileno.
A introdução do seu livro "O Projeto Literário de Roberto Bolaño" revela caminhos do fracasso por outros olhares, onde "o fracasso é muitas vezes estetizado para lidar com as perdas de seus personagens ou para encontrar para eles um lugar de pertencimento ainda que seja o de derrota".
É, acho que aí está o sujeito dominado pelo dinheiro e massacrado pelas mídias malditas.
O cenário político chileno da Era Pinochet está presente em vários personagens de Bolaño, como em "Nocturno de Chile"(2010), uma novela detalhada da ditadura chilena.
Bolaño viajou por toda América Latina com 20 anos e suas experiências surgem em "Los Detectives Salvajes"(1998).
O 11 de Setembro chileno ainda está na memória latina e espero que nunca esqueçamos da brutalidade golpista.
Nessa época surgia o Movimento Infrarrealista que tratava de usar "palavras" como arma revolucionária.
Seu lema era "nossa ética é a Revolução, nossa estética a vida, uma coisa só".
O grupo contou com mais de 20 integrantes, entre eles Mário Santiago, José Vicente Anaya e Guadalupe Uchoa.
Com seus manifestos o grupo criticava produções hegemônicas almejando radicalizar suas características através de um "realismo visceral", propondo escritas assemelhadas à vida onde a "percepção se abre mediante uma ética-estética para levar até o limite".
Lembrando, eram os anos de chumbo.
Na luta de seus verbos, o grupo sabotava recitais de poesias e lançamentos que julgavam não ter representatividade.
Os tais livros de lixo com suas Xuxas e pastores.
A ruptura e resistência vinham em oficinas literárias, universidades e até mesmo bares.
Bolaño usou o codinome "Realismo Visceral" em seu personagem no "detetive selvagem". Talvez para driblar censuras como aquele rapaz que cantava "apesar de vocês amanhã será outro dia...".
Júlia Morena ressalta a resiliência do grupo, uma resistência literária contra a máquina do capital.
O combate contra ditadores dos quartéis e editoras.
A luta pelo "El derecho del vivir " do cantor chileno Victor Jara, assassinado pelo horror de Pinochet.
Esses eram...os Infrarrealistas...e desde já me considero um modesto integrante...
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