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  • cocatrevisan

Os Peixes de Santo Antônio

Atualizado: 25 de out. de 2021

É, aquele mesmo adorado por "desesperadas" por casamento (ainda existem?). Em um de seus livros, percebi que esta questão dos casamentos era a menos interessante. Sua existência tem obras mais, muito mais, significativas. Fernando Martins de Bulhões (depois Santo Antônio), viveu no século XIII, nasceu em Lisboa, percorreu Portugal, Marrocos, sul da França e partes da Itália, encerrando sua vida em Pádua em 1231.

E foi em Pádua onde realizou suas obras humanitárias e outros feitos auxiliando povos menos favorecidos.

O povo já sofria com a Peste, além de um grande problema social, a agiotagem. Pádua era uma cidade rica, contava até com uma universidade, porém a elite, sempre, criava seus mecanismos para manter seus benefícios.

A agiotagem era uma delas. Contando com apoio dos "governos", virou até lei e quem não pagava, era levado preso.

O santo combateu tanto a lei perversa que conseguiu o fim das prisões por dívidas.

Amigos e amigas, não sou contra a elite nem a riqueza, combato às formas injustas pelas quais são beneficiados. E, pior, a exploração trabalhista, as formas que classes superiores usufruem suas posições com esquemas nada convencionais.

E ainda tenho que ler nas redes sociais, que trabalhadores tem muitos benefícios...aí não dá né...fiquem sem trabalhadores então para ver como...

Voltando ao santo, quando era jovem e o "diabo" surgiu em forma de uma bela mulher (diabo para ele, né meninas?), Santo Antonio desenhou uma cruz na parede onde pode ser vista até hoje numa coluna da Sé de Lisboa. Para ainda estar lá, a mulher deveria ser muito gos..., ops, bonita.

Falando sério, ele lutou contra seus desejos e foi seguir caminhos franciscanos. Era fiel admirador de são Francisco de Assis, eles tinham relações diretas e conversas repletas de religiosidade e humanismo.

Procurando lugares para exercer suas crenças, certa vez viajava num navio quando uma tempestade levou a embarcação para a direção leste, e invés de ir para Portugal, desembarcaram na Sicília. Deixou o destino com Deus e ficou um tempo por lá. Sua fama de milagres começou quando visitava doentes e esses tinham ampla recuperação.

Mas a história que mais gosto dele é a dos peixinhos. Certa vez estava na cidade de Rímini, na Itália, e insatisfeito porque ninguém estava interessado em sua pregação em praça pública, se dirigiu a um riacho próximo e iniciou sermão para os pequenos peixes. Dizendo que "vocês tem muito agradecer a Deus, pois Ele lhe deu as águas como morada, e aí nada lhes falta, nem alimento, nem refúgio contra as tempestades", os peixes foram colocando suas cabecinhas fora da água para assombro da população. Acreditando ou não, vejo aqui a relevância de se aprofundar em máximas dos santos, além do valor que deveríamos dar a pequenas situações de nossas vidas, como ouvir mais e falar menos. Como diz o ditado, temos duas orelhas e uma boca porque, porque...deixa assim.

Procuro evitar debates de crenças religiosas e espirituais, mas sempre volto às discussões. Aliás, dizem que não devemos discutir futebol, política e religião...ah tá, vamos debater o que então?

Mesmo porque a hermenêutica (arte de interpretar textos) pode ser individual não é mesmo? Penso que sim, ela revela situações e detalhes nos significados de qualquer obra, seja clássica ou religiosa. E, lembrando, "Hermes", era o deus da eloquência, o mensageiro dos Deuses. Cada qual com suas interpretações. Cada um com sua leitura de mundo, mas o orgulhoso pode se "atrapalhar" pois seu orgulho inibe entendimentos humildes. De qualquer forma, não vemos um mesmo texto com duas opiniões distintas?

Mas seguimos...que todos acreditem em suas preferências, desde que respeitando a dos outros, segue o baile. Eu acredito em Deus e Jesus é meu amigo, quanto a relatos de Santos, algumas não creio, porém em muitas delas o simbolismo vigora e age didaticamente. A interpretação segue individual, senhores e senhoras. Quando permaneço em dúvida, lembro que em pleno 2021 ainda usamos apenas 10% de nossa cabeça animal, como diria o sábio Raul Seixas, e para acrescentar, cito um exemplo que sempre paira minha cabeça e pensamentos. Imaginem falar para alguém, 200 anos atrás que no futuro que o homem iria à Lua, Marte...internação na hora.

Ontem eram "milagres", hoje cotidiano. Assim, como no passado distante, não temos certezas do futuro. Portanto, porque os peixes não poderiam estar atentos às palavras de Santo Antônio?

"Tudo pode naquele que crê"...Li algo parecido em algum lugar...

Outra passagem interessante dele aconteceu num sínodo diocesano quando condenou um bispo pela sua arrogância e apego à bens materiais. Consta que o bispo se arrependeu e ainda pediu para se confessar com o próprio Santo Antônio. Queria ver Santo Antônio pedir o mesmo para certos pastores da atualidade...

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