A Netflix exibiu em sua grade uma série narrando a queda do último Czar do Império Russo.
O fim trágico de Nicolau II e toda sua família assassinada pelo bolchevismo da Revolução de 1917, uma aula de história. E uma ótima oportunidade para ver como surgem as "construções simbólicas" típicas da indústria cultural.
De ideologias e culturas. Ótima série para reflexões se baseando nas teorias críticas da Comunicação. E como é essencial estar sempre atento para analisar a expressiva, e manipuladora, (prometi não usar mais essa palavra, mas...), força das palavras nos meios de comunicação de massa da atualidade.
Talvez assim poderemos perceber como aceitamos conceitos simbólicos massificados por uma mídia comprometida com seus próprios interesses. Ou como diria Brizola, interésses.
Se o leitor estiver interessado em reformular teses, basta pesquisar para ver a interação entre poderes e sentidos. Outras disciplinas corroboram na temática, como a Nova História Cultural, que já derrubou mitos e versões históricas.
Pois não é que até hoje existem aqueles que acham que comunistas comem criancinhas? que comunismo e socialismo são a mesma coisa? É só entrar no Facebook que veremos absurdos, não ideológicos, mas históricos sem base nenhuma.
Por ora, voltemos aos czares. Quantas vezes lemos nos meios de comunicação que Stálin foi um dos maiores assassinos da história. Correto, porém, você já leu, desses mesmos senhores (e senhoras) sobre a mortandade dos 300 anos que o czarismo promoveu no Império Russo? Sim, isso mesmo, 300 anos. E nada, você nao vê nadinha desses autores, e muito menos dos amigos da direita com suas bases ideológicas no face, messenger, etc.
Falam de Stálin seguidamente mas esquecem dos crimes de Nicolau II e seu terrorismo para sustentar seu império. A série da Netflix revela as dezenas de anos de autocracia. Vou repetir, mais de 300 anos.
John Thompson não cansa de repetir em seus livros sobre culturas e ideologias, os esquemas promovidos por uma indústria cultural que cria e recria ideologias.
Thompson alerta que "na era da comunicação de massa, a política é inseparável da Arte, de administrar a visibilidade". Perfeito e esclarecedor.
Então, amigos de todas as estâncias, quando vemos um genocídio de milhares de índios na América se "transformar" num desenho romântico como Pocahontas, dá vontade de, de...deixa pra lá. Sim, sei que é um desenho para crianças, mas...
Recorro aos frankfurtianos para reflexões criticas: "Horkheimer e Adorno (criadores da Escola de Frankfurt), argumentaram que o surgimento das indústrias de entretenimento como empresas capitalistas resultaram na padronização e na racionalização das formas culturais.
Esses processos, por sua vez, atrofiaram, sim é essa palavra mesmo, a capacidade do indivíduo de pensar e agir de uma maneira crítica e autônoma. Reputo, é esse o termo mesmo, "atrofiou", do verbo atrofiar. Essas indústrias são aquelas que a direita chama de escola sem partido? Quem promove a escola sem partido, essas empresas? Não, para os seguidores da direita, foram as escolas com conteúdos críticos.
Fica difícil. Afinal os comunistas comem criancinhas...
E, para não dizerem que estou sendo fiel escudeiro da esquerda, eu só peço a Deus um pouquinho de malandragem, e que todos pesquisem antes de divulgarem ideologias sem base histórica.
Importante realçar que toda teoria não deve encerrar qualquer questão, ao contrário, deve levar à novas interrogações. Mesmo ouvindo que comunismo e socialismo são a mesma coisa, o que poderíamos exigir, pelo menos, é certa coerência.
Como o capitão John Smith, de Pocahontas, lindo e loirinho, que veio para conquistar o coração da moça indígena. Chegou aqui para conquistar sim, mas as terras indígenas. Li, não lembro onde, que se a Manuela D'Avila vencesse as eleições para a prefeitura de Porto Alegre, haveria grande risco de autoritarismo. De quê? Onde? Em que segmento? Foi ela que disse para passar a boiada?
Coerência. Oposição sim, situação sim, mas com coerência baseado na verdade, ou pelo menos, no conhecimento.
A Sociologia da Comunicação está presente nos estudos universitários desde os anos 70, com pesquisas nos cursos de Comunicação. Um dos expoentes e pioneiro foi Gabriel Cohn, que destrinchou as teorias dos frankfurtianos: "eles trouxeram uma iluminação com seus conceitos-chave para a análise dos mídia no mundo contemporâneo, tais como massa, público, elite, sociedade de massas, cultura e ideologia ", portanto senhores e senhoras, uma boa pesquisa e leitura antes de idolatrar mitos...
E nem falei no monge louco, Rasputin...
O cerne central aqui é mostrar faces da indústria cultural, fazer o leitor da esquerda ou direita buscar sua autoemancipacão. As teorias críticas dos frankfurtianos exigem que o indivíduo se liberte de certos dogmas impostos, precisamente em meios de comunicação. Uma teoria crítica dirigida para uma emancipação, mas evidente, como já disse, com coerência.
Acho que a única ênfase dos frankfurtianos que não admiro, é sua insistência negativa. O pessimismo sempre presente, apesar de não conseguir discordar das teorias críticas, pois sou eterno otimista.
Jürgen Habermas, alemão que seguiu e fez parte da Escola de Frankfurt, em "Mudança Estrutural da Esfera Pública" escreveu sobre a real relevância do debate. Suas discussões. Ele mostrou que muitas conquistas libertárias que temos na atualidade teve origens nas esferas públicas, lugares onde pessoas se reúnem para dispor suas opiniões e discutir seus interesses em comum.
O Facebook e demais redes sociais podem, e, na minha opinião, devem ser um desses canais. Esferas de opiniões. Portanto, recrudesce a seriedade e conhecimento das opiniões...sempre...com coerência...
Que linda aula de História! Um ótimo texto para trabalhar com alunos sobre como a indústria da comunicação molda nossa percepção de mundo. Parabéns!