Somos pré-frabicados. Para mudar nossas dependências, uma saída seria ousar num jornalismo mais humano, pois Restrepo alega que a diferença do homem da inteligência artificial é nossa capacidade de se emocionar. Esse texto está embasado numa monografia de uma disciplina do mestrado da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) que cursei como aluno especial.
E para reformular o conhecimento a partir dos laços humanos esse texto reforca o humano e tem objetivo de buscar novos caminhos na mídia inserindo padrões da humanização. Trata-se da minha proposta do semestre na disciplina do professor Jorge Kanehide Ijuim na disciplina "Jornalismo, Cultura e Modernidade", integrante do mestrado da UFSC.
Reforçar o existencialismo, lembrando do homem rebelde de Albert Camus em seus paradoxos entre perceber a inutilidade do cotidiano e a recusa do negativo.
Rever que o indivíduo deve ser cada vez critico buscando o esclarecimento de Kant, quando ele diz que "buscar em sim mesmo a suprema pedra de toque da verdade é a máxima que manda pensar por si mesmo e o esclarecimento".
Nesse texto vou em primeiro lugar resumir os textos estudados no semestre, para então apresentar uma tentativa de proposta na humanização da mídia e inserir a ousadia e a afetividade com dignidade e ética no jornalismo.
Do que trata o humanismo na mídia? Já no século XIX surgiram correntes humanistas entre os teóricos da comunicação. Salvadore Puleda, por exemplo, mostrou trajetórias dos Humanismos marxista, cristiano, existencialista e universalista. Cada um com suas peculiaridades. Uma das essências desse trabalho traz estudos para que os jornalistas tenham segurança e ética ao produzir suas informações.
Ter certeza de suas fontes. O professor Nilson Lage, em sua palestra no mês de Abril passado, lembrou que 80% das denúncias publicadas nas revistas e jornais não chegam a ser confirmadas. É muita coisa. Jogam as notícias, para depois verem suas consequências.
Como estamos "ligados" na mídia, a veracidade chega tarde. Augusto Cury tem uma teoria que diz que como vivemos num mesmo sistema, o que pode existir são duas maneiras de ver e atuar nesse mesmo sistema, pois ninguém é uma ilha física, psíquica e social.
Somos influenciáveis. Nossos comportamentos afetam de três maneiras outros individuos: alteram o tempo delas, alteram a memória delas e alteram a qualidade e frequência de suas reações. Por exemplo, Hitler em 1908 foi rejeitado como pintor numa escola de artes.
O professor que reprovou Hitler, afetou seu tempo, sua memória e seu inconsciente, influenciando toda a humanidade. Cury denomina a teoria como princípio da corresponsabilidade inevitável, e o exemplo de Hitler comprova que ninguém é uma ilha perdida nesse mundo interligado. É nesse momento que proponho inovações com ousadia e afetividade na mídia. Michel Foucault no texto "O que são as luzes?", diz que a manipulação da mídia é tão expressiva que quando um jornal questiona seus leitores, é apenas para pedir seus pontos de vista sobre um tema que o veículo já tem definido sua posição.
A ética e a moral está afastada.
Inexistem os debates éticos e existenciais tão bem reverenciados no filme "Ponto de mutações", que analisamos naquela disciplina. Muito se fala que o homem pode ser substituído pela máquina, mas esquecem que os chips revelados ao mundo pela IBM norte-americana, podem ter 256 neurônios, enquanto nosso cérebro humano possui 100 bilhões de neurônios que circulam em 100 trilhões de sinapses. Se o homem optar pela via preferencial da maioridade de Kant, então nem tudo está perdido para os herdeiros de Alexandre (Restrepo).
Entre outras reflexões, o professor Ijuim questiona onde está a afetividade e a própria felicidade no jornalismo?
Em "A Felicidade Paradoxal", Gilles Lipovestky fala que estamos possuídos por uma "síndrome de reflexão, atingida por uma avançada letargia, como uma êxtase sonambulica". Lipovestky argumenta que o homem medíocre (menoridade de Kant?) venceu, e que precisamos cada vez mais dos críticos da escola de Frankfurt.
Cremilda destaca ainda a relevância da crítica ao lembrar que nos EUA, a sociedade estava desinformada às vésperas da Segunda Guerra Mundial e às questões que levaram o país a guerra contra o Iraque. A mídia programa e regula, assim, seus leitores conforme suas propriedades e benefícios e é aqui que devemos rever nossos conceitos e ideologias.
Esse texto é baseado na monografia que fez parte da disciplina "Jornalismo, Cultura e Modernidade" que integra o mestrado da UFSC.
No próximo texto, minhas propostas finais desse estudo...
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