Para qualquer blogueiro, um dilema. Pois quanto menos falar, e escrever, menor o risco de expor palavras inúteis. Ou teorias sem relevância.
Ou pior ainda, usar o tempo do próximo gastando imagens e palavras sem respaldo. Augusto Cury dizia que temos que trocar o GEEI para o GEEU. Já explico. Não se trata apenas de perder nosso precioso tempo com frases sem conteúdo, mas desperdiçar energias.
Esquecer o GEEI (Gasto de Energia Emocional Inútil), e realçar ao máximo o GEEU (Gasto de Energia Emocional Útil), visando nossas emoções em palavras verdadeiras, com utilidades infinitas de sabedorias.
Estar atento às palavras, pois se elas podem ter sabores de chocolate podem também ter aromas e gostos desagradáveis. Ora, não é verdade que muitas vezes ficamos magoados com palavras que nos ferem?
Porém quando expomos nossas idéias, cansamos de magoar quem está no outro lado. Portanto, em certas ocasiões é melhor se calar, mesmo que nossa intenção seja a mais nobre possível pois com certeza teríamos uma vida mais serena se não se metéssemos na vida alheia. Sei, falar é humano e fundamental para nossa sobrevivência e sem comunicação a loucura pode se manifestar. Lembram do filme "O Náufrago" onde o personagem do ator Tom Hawks conversava com o Sr. Wilson, uma bola de futebol?
Citei um extremo, não vamos exagerar. Por outro lado, temos que nos vigiar para não ficar falando, falando, falando...
Lembro ainda do personagem de Lima Barreto, o major Quaresma que preferia viver sempre sozinho e não conversava nem com vizinhos, pois preferia a companhia dos livros.
Evidente que a solidão pode devorar, mas não podemos negar que em certos momentos ela é até necessária. Certo, em alguns momentos. É melhor a companhia das palavras internas e quando não temos o que falar, como dizia o filósofo Wittgeinstein, "convém calar-se".
Da mesma forma como nossas palavras são labirintos de estradas, e que precisam ter sentido para ter seu valor reconhecido, ou ainda uma semântica, pois caso contrário elas tornam-se vulgares e inúteis.
A própria bíblia tem várias passagens a respeito do cuidado que devemos ter com nossa língua, com nossas palavras e frases.
E quando foi questionado por Deus, para pedir o que quisesse em sua vida, que seu pedido seria atendido, o sábio Salomão clamou por sabedoria e conhecimento.
Não era a intenção do Rolando Lero na Escolinha do Professor Raimundo que para fugir das perguntas do mestre, largava uma enxurrada de palavras inúteis.
Palavras, frases, parágrafos e discursos sempre estão ligados com forças de poder pois estão interagidas com instituições.
Michel Foucault lembrou de certos rituais de circunstâncias, onde existem horas apropriadas para palavras e discursos. Se você está num recinto religioso, evidente que não pode ficar deslizando palavras inapropriadas ou "nomes feios", mas se estiver num estádio de futebol...
Quantas vezes já nos arrependemos por "soltar" palavras em horas ou locais errados? Verdadeiros exemplos de palavras inúteis. Se tem algo pior ainda, são as palavras vazias da classe política onde a mentira impera. Certa vez gravaram um flagrante com o então deputado Paulo Maluf, e quando o repórter mostrou para o "nobre e honesto" deputado as imagens, Maluf saiu com as seguintes palavras, "esse rapaz aí é muito parecido comigo". Verdade que aí já não é um caso nem de palavras inúteis, mas revela como diria Foucault, os poderes das palavras.
É uma pena que muitas vezes são poderes nefastos, mas não vamos esmorecer, porque se existem as palavras inúteis é porque a recíproca é verdadeiramente...verdade...
Com tudo isso, me resta aprender a controlar a língua depois da terceira taça de vinho e aprender a respeitar o silêncio.
Minha amiga virtual e poeta Jane Rodrigues lembra uma sinfonia do silêncio: "era um silêncio tão contagiante que saltava visivelmente pelos olhos de toda a natureza. Era a vez de o silêncio reger sua orquestra, e eu estava ali, compondo a teia daquele universo sagrado que me emprestara sua voz".
Parabéns, belo texto. Evidente que as palavras tem poder, por isso é importante que aprendamos a usá-las sempre em nosso benefício e o mais importante, de modo que o outro não seja afetado por nossas incoerências. Lindo texto da poeta Jane Rodrigues.
Bom dia! Á primeira vista, parece um ótimo blog!
Oie Valdocir! Que tema complexo, esse o das palavras!!! Você, como sempre, abre chaves e mais chaves para cada leitor fechá-las de acordo com o próprio entendimento e percepção. Quando se trata de dar sentido às palavras não há certezas e somente intenções... e se essas são boas ou más somente quem as emite saberá. Como você muito bem se expressou “nossas palavras são labirintos de estradas”, e uma vez pronunciadas não há retorno. Ou seja, se elas não forem muito bem direcionadas se perderão no tempo ou atingirão o alvo errado e não farão o menor sentido!