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Remédios do Imperador

Atualizado: 3 de abr. de 2023

Esse blog prioriza Comunicação, Sociologia, Filosofia e por aí dançam teses e teorias.

Tomando cuidado para não cair na saga de autores de auto-ajuda, embora sempre recolhendo resquícios valiosos da área.

E para falar do imperador Marco Aurélio e suas "Meditações", é impossível o texto não se debruçar na temática.

Na época de loucos imperadores, Marco Aurélio se diferenciou em largas escalas seguindo bases do estoicismo. Um imperador que mesmo perdendo o pai ainda jovem e convivendo com um senado algoz, buscou remédios para amenizar os sofrimentos de seu povo.

E para si mesmo.

O filósofo Espinosa (aliás, estou devendo textos sobre um dos maiores filósofos de todos, claro, em minha opinião), lembra como lutar em momentos críticos ao dizer certa vez que "percebi, assim, que estava em grande perigo e me obriguei a procurar com todas as minhas forças, remédios...", incluindo nos tratamentos a filosofia estóica.

Como o psicoterapeuta e autor Donald Robertson alegou num de seus livros afirmando como o estoicismo modificou sua vida pessoal e profissional se baseando nas meditações de Marco Aurélio.

E como estamos acostumados a constatar na literatura e filmes históricos da época romana com as bizarrices e loucuras que faziam parte do cotidiano romano com os sanguinários Nero e Calígula, para ficar apenas em dois nomes. Dois com lugares reservados no hospício do alienista de Machado de Assis.

Faziam de tudo, matavam irmãos na busca do poder, botavam fogo em suas próprias cidades como Nero ou faziam sexo com a própria irmã como Calígula, além de traições, mas acho, acreditem, que apesar de tudo, eles eram fichinha perto dos homens de Brasília. Superar os homens de Brasília não é fácil...

Ora, se os remédios de Marco Aurélio seguiam a doutrina estóica, há pouco tempo nossos representantes preferiam "cloroquina" invés de vacinas na luta contra a covid. Nem Nero ou Calígula imaginariam tais tratamentos, isso é coisa de "mito".

Marco Aurélio se entregou à sabedoria estóica, ao desapego material e inseriu os ensinamentos como filosofia de vida em seu reinado. Utilizou as regras estóicas para uma época complicada com as guerras contra os bárbaros.

Donald destaca uma frase exemplar do imperador, "não perca mais tempo discutindo sobre como um homem bom deveria ser, apenas seja um".

Faz lembrar aquele jargão popular "faça o que digo, não faça o que faço".

Bom, nem tanto né...

Seu enfoque altruísta imperou por todo seu governo adotando ainda motes de Epiteto. Sempre cito a máxima de Epiteto "um mesmo fato tem dois caminhos para dois indivíduos", e aí percebemos a ligação com Marco Aurélio na sua meditação "se te afliges por alguma causa externa, não é ela o que te importunar, mas o juízo que fazes dela".

Agora sim, as teses estão unidas, não é mesmo?

E é incrível como o imperador viveu com serenidade no meio de guerras, justamente pelo dogma estóico que amenizava ou mesmo ignorava a morte.

Uma das minhas "meditações" preferida fala do propagado agora da atualidade, "não vá ter a idéia de que viverás 10 mil anos, a morte inevitável paira sobre ti. Enquanto vives, enquanto esteja em teu poder, sê virtuoso".

Visionário.

Carpe diem com seus remédios espirituais e metafóricos. E quando estava morrendo lembrou que já tinha morrido muitas vezes, quando menino ao entrar no mundo de imperadores, ao ter que assumir o trono ou ainda quando saiu de Roma para lutar contra germânicos em florestas sanguinárias.

Percebem quantas "mortes" encaramos em nossa jornada? Na perda de entes queridos, em decepções profundas, enfim, estamos sempre precisando de nossos remédios.

Mas por favor, tenham discernimentos, procurem, pesquisem antes de decidir tomar cloroquina invés de se tornar jacaré...


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