Seguir reto e não dar chances às "curvas sinuosas do bem" só podem nos levar a sepulturas silenciosas. Como uma procissão para os cemitérios numa digna cerimônia mortal.
Cada um com seu uniforme preto depois de fazer parte do seu belo quadro social com dignidade, sem questionar nada e ter servido à pátria amada como um robô dos Tempos Modernos de Charles Chaplin. Porém, faço força, muita força para não deixar potências do mal estuprar minhas esperanças e alma.
Ele partiu, seu Alfredo, era um exemplo de trabalhador pois "era e seria sempre uma boa peça da máquina bem ajustada, bem polida e que lubrificada convenientemente não diminuiria o rendimento daquela época", disse o grande Lima Barreto no seu conto "O Número da Sepultura".
Da mesma maneira como George Orwell denunciou, afinal somos observados e determinados numa engrenagem onde seu final será um número na sepultura.
E tem aqueles que seguem a risca às determinações políticas e mesmo sendo contrários ideologicamente, mantém seu silêncio pois querem ser igual aos seus opressores.
Ele sonha em ser promovido, "chegar lá".
E quando alcançar seu objetivo vai repetir o escravo menino de Brás Cubas que foi "cavalinho" e depois de conseguir seus escravos, fez o mesmo.
Tolo, esse terá seu número garantido na sepultura derradeira. Uma época nefasta, de escravidão, com números nas almas sem esperanças.
Época de um império viciado em café e escravos. O humano submisso ao mercado onde o café é o mandante.
O café, a terra, o cio da terra...
Vida e morte Severina sempre revelando a terra da Terra. A terra onde iremos encontrar os vermes de Machado de Assis é a mesma que produz o alimento. O cio da Terra...
Vejam só, o agricultor nos alimenta, dá condições de vida e o coveiro enterra nossas ilusões terrenas, porém a terra é a mesma.
A poeta paulista Lilian Sais fez a conexão que sempre esteve ligada à sua vida. E lá no final de tudo, e mais um pouco, restará nosso número na sepultura maldita. Pelo menos, com um representante digno das memórias atemporais. Ora, se a vida foi honesta, "cultivada" como a do agricultor, aquele que partiu terá um número diferenciado.
Fez valer a pena.
Foi alguém que buscou seu empirismo e rejeitou imposições. Em tempos de Natal, devemos lembrar palavras do maior homem que há pisou na Terra...Jesus Cristo.
Deixar de lado o consumismo doentio que estressa todos nas ruas lotadas.
Sem mencionar comilanças, e m, pasmem, brigas de famílias. E ter esperança de que a escravatura jamais retorne.
Como o mundo do escravo Fortunato que após fugir "valia" 50 mil-réis.
Se bem que atualmente milhares vivem encarcerados em suas mentes aguardando apenas as...sepulturas numeradas.
Quero um dia ir para uma sepultura semelhante ÀQUELE que ressuscitou três dias depois e que fez aniversário nessa semana...Amém...
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