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Sociedades (Im)Perfeitas

Nossas imperfeições são tão perfeitas que tudo vale, entre acertos e erros.

Sim, sonhamos com sociedades mais justas mas um mundo mais perfeito, perfeitinho, seria muito chato não é mesmo?

Por favor, entendam o que digo, evidente que persigo perfeições, estou me referindo a outras imperfeições, aquelas que H.G.Wells rasga na sua utopia moderna.

Uma utopia um tanto diferente de Thomas More e Campanella ou do sonho do homem ridículo de Dostoiévski.

Wells, em apenas um conceito traz novidades, pelo menos no meu entendimento. Evidente que desejamos sociedades mais igualitárias, bem, nem todos né, e "sombras", queremos apenas embaixo de belas árvores.

Tudo certinho.

Bonitinho.

Mas é aqui, justamente aqui, exatamente aqui e nesse momento que Wells inova. Ora, se vivêssemos no mundo das linhas retas nunca iremos visualizar as belas curvas e sinuosas.

Imaginem, sempre reto.

Sempre.

Que chatice, que monotonia escaldante, intolerável. Eu quero mais, eu quero o 2+2=5. Eu quero dançar em Marte, eu quero me redimir dos meus pecados perante minha querida Terra, como o grupo musical gaúcho Tambo do Bando cantava nos anos 80, 90.

Como Wells sugere, duvido que alguém suportaria um mês numa cidade utópica perfeita, perfeitinha.

Duvido.

E os conflitos como ficam? Falo dos "bons" conflitos, isso se eles existem...

Vejam só, o mundo do meu amigo Jesus é tão perfeito que as imperfeições são perfeitas. Onde o erro é essencial.

Eu disse no mundo terreno Dele e não em religiões que usam seu nome para oprimir existências.

Ludwig Feuerbach(1804-1872) denunciou alienações de seguidores desavisados de cartilhas errôneas que almejam apenas seus dízimos.

Insistiu que a busca exige esclarecimentos, porém as individualidades podem exercer poderes estranhos. Ela exige sua particularidade num coletivo que por sua vez transbordaria rios.

Sim, queremos justiça desde que não toquem no "meu", na minha individualidade. Ah tá, mas o outro também quer espaço para seu ideal e suas crenças.

Percebem o conflito?

Como conciliar meus direitos individuais numa sociedade que coloca o coletivo como elemento preferencial?

E o outro? Suas vontades não são aquelas que desejo e o baile trava diante sapos e pirilampos nas danças dos vampiros da meia-noite.

Como diz o gaúcho, "tá feito o entrevero".

Taí o alerta de Wells.

Taí os problemas das viagens fantásticas do Pequeno Príncipe.

Tá lá um corpo estendido no chão.

E agora? Parei na contramão.

Que sociedade igualitária é essa?

Só vale se for bom para A ou B?

Wells arrebata de vez, "duvido que alguém já tenha se acalorado com a ideia de ser um cidadão da República de Platão...ninguém deseja viver em uma sociedade de verdadeira comunhão, exceto pelo bem das individualidades que encontrar ali".

Todos iguais, felizes, sem um mísero quesito individual.

Todos felizes com rostos e cabelos semelhantes.

Todos em suas casas iguais, iguaizinhas.

Mas não é o que queremos?

Era.

Não quero mais...

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