O existencialista e magistral filósofo Heidegger encarava o pessimismo, a tristeza, o vazio com visões e conceitos inusitados e por isso foi...magistral
Ele dizia que o "vazio" era essencial e necessário. Qual o sentido, o prazer de uma pescaria se você tiver certeza que sempre voltará com seus cestos cheios de peixes?
Percebem? Uma das motivações para suas pescarias sempre será a possibilidade de um fracasso, um vazio e agora, sim, com baldes vazios. Se o pescador sabe que suas pescarias sempre serão um sucesso, logo perderá a motivação para novas atividades. O tédio vai desanimar sua motivação.
Incrível não é mesmo?
Entre nossas jornadas e caminhadas, através da tristeza vamos descobrindo caminhos felizes, como as sensações maravilhosas que temos depois de nossas enfermidades. Tudo fica mais bonito e agradável.
São os processos da tristeza e da alegria.
Quero caminhar em ruas com auras celestiais, longe daquelas ruas, como diz a canção "sem céu, sem horizonte".
Falando em caminhadas, o psicólogo Victor Degasperi diz que caminhar envolve a força de um verdadeiro amor, amor ao coração e em nossas jornadas existenciais.
Ouviu Jane Rodrigues?
Caminhando.
Quem não conhece as poesias da Jane, sugiro que procurem...
Além da leveza de seus poemas onde a alma se eleva, você vai querer caminhar, caminhar...
Degasperi diz ainda que "semeio meu jardim com lágrimas e sorrisos, porque ambos têm sua beleza". É isso, em nossos jardins (ou caminhadas), os risos que brotam de nossos âmagos são fundamentais, assim como as lágrimas que molham e refrescam almas necessitadas. Ambas possuem suas belezas e não é por acaso que de seus encontros surgem belos e coloridos arco-íris.
Belezas para afugentar tristezas do cotidiano. E para ficarmos atentos aos sinais nefastos sempre carrego um exemplo, aquele que revela sintomas de que algo está errado. Se não sentirmos com vontade de levantar, tomar aquele café matinal, cuidado, a luz das emoções está avisando...
E culpar a sorte ou o azar também não adianta. Dizer que o infeliz não teve sorte na sua vida pode até ter lá porcentagens, mas suas justificativas banalizam o debate.
Buscar alegrias requer atitudes e a própria tristeza força a ação. Nossa seu blogueiro, como a tristeza é boa, estou louco para ficar deprimido...
Exageros à parte, não estou fazendo apologia a tristeza, longe disso, apenas lembro que tristeza faz parte de nossas jornadas. Ninguém fica 24 horas sorrindo né? Ora, se alguém sorrir o dia inteiro, também é porque algo não está bem. Talvez um genuíno palhaço consiga tal façanha.
Esses alertas existenciais fazem parte dos roteiros desse e de centenas de blogs, afinal "somos" neto de Machado de Assis (que pretensão).
Os relatos dele denunciavam e criticavam a sociedade de sua época, mas também foi considerado um visionário. Tempos tristes, amargos.
Lembrei de George Orwell, e um de seus personagens, o patriarca Comstock, que mesmo depois de falecido, secou as almas de seus parentes: "fazia um bom tempo que ele esmagara por completo qualquer iniciativa que alguns dele pudesse ter dito".(A Flor da Inglaterra).
Mas vivemos novos tempos, embora resquícios malditos insistem em perambular nossos dias. Como disse, faz parte. Quase não existem famílias com seus perrengues, com disputas financeiras ou diferenças culturais.
Dinheiro, dinheiro...sempre ele.
Novamente, recorro a Orwell, "mesmo nos nomentos mais recônditos da vida a pessoa não consegue fugir dele, tudo precisa ser arruinado com precauções imundas a sangue frio e só por causa do dinheiro".
A busca insana pelo poder. Até as guerras surgem pelo gosto do poder e do sangue e o pior é que nada indica que esses dissabores vão nos abandonar no presente e no futuro.
É do ser humano, as vezes cansamos de viver a mesmice, porém cobrar ou se vingar no próximo, bom, aí a humanidade desaparece por completo.
Porém vou seguir minhas caminhadas, refletindo sobre a tristeza (e, claro, sobre a alegria), semeando meus jardins como Victor Degasperi sugere e cantando "tristeza, por favor vá embora..."
Muito bom!! Parabéns