Uma Vila

Um lugarejo simples.

Paz e tranquilidade.

Para uns, porém para outros solidão e tédio.

Eça de Queiroz já havia configurado as serras e as cidades, seus pontos positivos e revéses negativos.

Sempre almejei grandes cidades mas ando percebendo e valorizando o sossego de chácaras, sítios e lugares isolados.

Adoro grandes cidades mas não vou ficar num só lugar, quero curtir as cidades e as serras, ouviu seu Eça de Queiroz...

Pois se anos passados não gostava de pequenas cidades agora quero ouvir o canto do bem-de-vi.

Curtir as labaredas mágicas de fogueiras que acalmam a alma do vivente.

Pensei na temática quando em "Húmus"(Raul Brandão), o escritor narra um vilarejo parado no tempo onde as pessoas não sabem nem se estão vivas ou mortas.

Sim, este é o personagem, e já pensei com certas semelhanças, porém, o tempo passa e com ele caminhamos todos juntos, andei, viajei e agora quero tomar meu vinhos ao redor de fogueiras como um homem típico das cavernas.

Agora o sapo é meu amigo.

O lagarto também.

Quero ficar "petrificado" no tempo que Brandão fala...

Aliás, faz um bom tempo que curto vídeos no YouTube de malucos beleza em seus acampamentos abaixo de chuva e mesmo nevascas em suas barracas e vans.

Curtindo a natureza com suas raízes selvagens.

Onde o agora existe.

Tempos e cidades mudam (e claro, nós também), lembro que na década de 1960 curtia a praia gaúcha de Tramandaí, nossa casa ficava 6, 7 quadras do mar e como a cidade ainda era pequena com poucos carros, ouvíamos o mar com tal distância.

Nos anos 60 viajar de Santa Maria até o litoral levava quase o dia inteiro, agora o tempo de viagem não passa de 6h.

As distâncias encurtaram, o tempo não corre, voa, porém as ansiedades recrudescem.

Aqui o "agora" inexiste.

É, parece que se eu não correr não vou realizar meu projeto.

Uma casa isolada.

Uma vilarejo.

Uma chácara.

Um sítio...

Sempre cito Raul Seixas que dizia que o hoje é apenas um ponto no futro que começa a jorrar.

Na vila, na cidade, na serra ou na praia.