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A Construção de um Discurso infantil na TV

  • cocatrevisan
  • 1 de jul. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 1 de nov. de 2021

Tenho publicado resenhas baseadas em disciplinas de mestrado que fiz como aluno especial. Essa foi escrita na disciplina Indústrias Culturais no Cone Sul, anos atrás na UFRGS, com o professor Sérgio Caparelli.

Rosa M.B. Fischer não se preocupa em determinar o mundo infantil como uma etapa da vida, e lembra Phillipe Àries quando esse afirmou que ser adolescente ou criança é um fato social. Sua análise, mais complexa, busca a compreensão dos discursos sobre a infância na TV.

Fischer cita Michel Foucault, para perceber as interações entre poder, saber e sujeito, e realçar a "hipótese de que as redes de poder sobre as sociedades são constituídas de um modo individualizado e totalizante, ao mesmo tempo". Aí se revela um dos motivos que leva a trajetória infantil ficar sujeita às mudanças sociais, quando acompanham processos como, por exemplo, a globalização. Fischer visualiza quatro tipos de discursos, um Discurso pedagógico produzido pela academia, um Discurso das instituições, um Discurso de defesa da infância e adolescência e por último, um Discurso pedagógico produzido na mídia mais ampla.

A erotização das paquitas da Xuxa servem como exemplos, com seus corpos perfeitos e trejeitos eróticos, quando se tornam estrelas mirins, mas que atingem também um público de todas as idades passando por vários discursos. A erotização trabalha como arma de recepção, mas acelera também o desenvolvimento da fase infantil.

Tema de Neil Postman em "O Desaparecimento da Infância", consequência dos usos desses discursos nas mídias, preferencialmente televisivas.

As crianças são "jogadas", e abandonam seus antigos brinquedos como bonecas e casinhas e trocam por objetos adultos como celulares e maquiagens. Também entram aí, as crises nas identidades pós-modernas que liquidam crianças, adolescentes e mesmo adultos. Esse culto a beleza é tão nefasto que transforma até mesmo a fisiologia humana. Diante de uma pesquisa, o ginecologista Jonathan Soares (revista Veja, 01 de Novembro de 2000), disse que "está geração de meninas está tão erotizada, recebendo tantos estímulos para ficarem moças, que o cérebro acaba enviando sinais que transformam a produção dos hormônios mais cedo".

Elas passam a mestruar com 11, 12 anos, enquanto na década anterior, era com 14, 15 anos.

Rosa Fischer faz referências também à Jean Baudrillard e seu livro "Sedução". Baudrillard disse que o mundo da felicidade está no "negócio", e a sedução agora é uma arma econômica. Porém, nossa autora equilibra o debate, e vê discursos genuínos ainda voltados à inocência da infância. Programas como Castelo Ra-tim-bum servem como resistências significativas na televisão brasileira.

São programas que lutam contra o desaparecimento precoce da infância, e desafiam as construções das erotizações dos discursos tão propagados pela mídia televisiva brasileira. Nem tudo está perdido.

Em tempos de currículos falsos, o professor Caparelli, pós-doutor em Comunicação considerou essa resenha esclarecedora (e ao contrário do ex-futuro Ministro da Educação), tenho como comprovar...

 
 
 

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