Mais outro exemplo, ou mesmo teoria, de como somos seres programados por culturas e ideologias industrializadas. Não canso de repetir nesse blog que "não somos donos de nossas palavras", ainda mais quando a filosofia da linguagem e a semântica corroboram com a indústria cultural.
Quando o individuo discernir opiniões da nossa querida mídia, pode ser que uma evolução cultural supere nossas dominacões ideológicas. Mas enquanto milhões de pessoas preferirem ficar bestializados nas telas vendo novelas e BBB, impossível.
No seu livro "Felicidade Autêntica", Martin Seligman descreve um fenômeno curioso denominado "desamparo aprendido", como uma consequência de uma experiência com cachorros. Os animais são submetidos a choques elétricos, tornando-se mais passivos. Após certo momento, eles desistem de lutar e aceitam passivamente o sofrimento. "Aprenderam a licão", assim como o "gado". Desamparados e dominados.
Da mesma maneira como a indústria cultural, onde viramos cordeirinhos e onde fica confirmado que o projeto do modernismo se foi para as "cucuias". A realização de um homem livre e afastado das submissões ficam cada vez mais distantes.
Muito distantes. O progresso aprisionou e me faz lembrar da música de Hermes Aquino, nos anos 80, "é o progresso chegando lá"...onde?
A esperança do modernismo virou pó e ruínas e não visualizamos mais a prometida liberdade, apenas um desamparo aprendido. Só nós resta investigar porque agimos como cachorros. Quem sabe reformas culturais e educacionais poderiam ter resultados positivos, mas com Weitraubs & Cia vai ser difícil, muito difícil, dificílissimo. Como sepultar esse fascínio pelo BBB? Fechando universidades?
Nosso mundo já provou o caos da modernidade.
Em "Indústria Cultural e Educação, O Canto da Sereia", Antonio Alvarez Zuin diz que "se, diante da perpetuação do horror, cai por terra a ingênua e também perigosa noção de que o progresso da humanidade desenvolveu-se sempre linearmente, por outro lado, durante o processo de consolidação do capitalismo, a formação burguesa elevou-se cada vez mais às alturas".
Esse poder revela-se além das interações responsáveis por sua produção. É o que Edgar Morin sempre fala, o grande progresso nos levou a duas Guerras Mundiais.
De qualquer forma, o certo é que nossa aprendizagem fica limitada e ficamos passivos pelo massacre ideológico das mídias e das nossas dificuldades de saborear complexas possibilidades. Esses massacres estão introduzidos em nossas mentes, e almas.
Ficamos incapazes de assimilar expectativas futuras e assim como os cachorros de Seligman, ficamos vidrados no BBB (eu não) e ficamos à mercê de "mitos". Estamos numa encruzilhada capitalista, nada contra, nem a favor, apenas ressalto o casamento da grande mídia com grupos poderosos. Essas corporações da imprensa tem proprietários milionários (familia Marinho, Silvio Santos, Edir Macedo, etc), e mesmo com crises, eles estão "ainda por cima", literalmente. Melhor ficar como está!
Como essas doutrinas se apropriam de nosso cotidiano, fica fácil de perceber que para "eles", é melhor que a população discuta quem será o próximo namorado da atriz global, ou pior, às picuinhas do Big Brother e das Casas de Fazendas. Simples assim. E o desamparo aprendido cada vez mais assimilado. Max Weber ilustrou os rumos ideológicos e suas difusoēs no nosso dia a dia, e mais, como idéias adquirem força na história. Seu lado crítico.
O que a mazela divulga (e o gado vai atrás, onde uma maioria nem sabe o porquê, e onde os abastados se beneficiam), que Weber é esquerdista, comunista. Pode ser, mas o foco não é esse. Trata-se de ver o que se passa criticamente com suas visões independentes.
Pois não há nada mais desanimador de ver o indivíduo concordando com a mídia, sem nenhuma reflexão.
Porém, nem tudo está fora do controle, amigos e amigas, afinal não somos cachorros, nem bois e nem vacas. Seligman lembra que, afinal, nem todos os cachorros desistiram de enfrentar a imposição, e se animais tem essa força de resiliência, então o ser humano pode transformar seus "desamparos".
Uma pesquisa do próprio Seligman confirmou que um entre três pessoas que sofrem, por exemplo, de depressões ou daqueles que seguem o desamparo aprendido sem perceber, conseguem "dar a volta por cima". Então, bora lá...
Valeu...Willia
Grande texto! A política do pão e circo não é nova e sua utilização nos dias atuais prova que o ser humano não aprendeu a utilizar o livre arbitrio, prefere o comodismo e o condicionamento, a repetição de valores de classes nas quais nunca será bem-vindo.