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Discutimos o que Eles Querem

  • cocatrevisan
  • 29 de ago. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 31 de out. de 2021

Cada indivíduo poderia ou deveria ser uma ilha social. Cada indivíduo é um mundo, ou deveria ser. Edgar Morin ja dizia "que cada ser é um cosmos, cada ser é uma efervescência de personalidades virtuais, cada psiquismo secreta, numa proliferação de fantasmas, sonhos e idéias. Cada um vive, do nascimento à morte, uma tragédia insondável, marcada por gritos, risos e lágrimas".

O problema é que somos e não somos. Há cerca de 80 anos, Theodor Adorno já lembrava que o moderno ficou fora de moda, e como somos doutrinados por instituições e veículos de comunicações, nossas "efervescências" culturais ficam dilaceradas.

Nossas ideologias até se atualizam, pois de certa forma, se podemos garantir que a modernidade envelheceu, é melhor aceitar modismos pós-modernos. No clássico "As Consequências da Modernidade", Anthony Giddens afirmava que vivemos num mundo perigoso, que serve para enfraquecer modismos modernos, invés de nos levar a um mundo seguro. Mas o que percebemos e vivemos é uma descrença do progresso, abalado por duas guerras mundiais e crises de todos os segmentos.

Ora, a pós-modernidade segue uma vivência de um novo cotidiano, pois com toda perda de crença da modernidade, ainda transforma uma sociedade movida à máquinas, para uma sociedade engolida pela informação, pelo shopping center, e ainda, um mundo apaixonado por "vídeos".

É a Era da Informação. Até mesmo o Iluminismo, que deveria ser um mecanismo para humanizar, serviu como uma fase histórica de dominação. A Revolução Industrial, tão glorificada, em muitos aspectos, foi um desastre humano. Progresso custou caro para a classe trabalhadora.

Ela não empolgou na Sociologia, pois as violências entre classes geraram manipulações, repressões, poderes, etc.

O niilismo de Nietzsche. E essas combinações culturais são acentuadas pela cultura industrializada.

Entre as Teorias da Comunicação, uma das mais singelas, é a do Agendamento. A Agenda Setting.

Como Nelson Rodrigues dizia, somos humanos doutrinados.

E essa é exatamente o foco central da teoria, pois ela revela como somos ideologizados e manipulados. Como disse antes, vamos discutir amanhã somente noticias que foram divulgadas (e ainda, conforme interesses e mesmo mentiras). O que não foi noticiado, não existiu. Que coisa.

Nesses joguetes, as teorias críticas de Theodor Adorno, Max Horkheimer, Marcuse, Habermas, entre outros, tornam-se fundamentais para cada indivíduo elucidar seus dramas cotidianos.

Eles analisaram a produção dos bens culturais, "como movimento global de produção da cultura como mercadoria".

Foi previsto algo para cada indivíduo, ninguém escapa das garras midiáticas. O agenda Setting visa, portanto, temas relacionados à mídia em nosso dia-a-dia, mas é importante entender que a teoria não foca na "maneira", mas "no que eles fazem o indivíduo pensar". Parece confuso, mas é simples, basta transferir "como pensar" para "o que pensar".

O que é dito pela mídia torna-,se nossa agenda (como no exemplo que citei..."o que iremos discutir no cafezinho"). Assim, ficamos à mercê da agenda transmitida. Uma agenda estipulada que vai obtendo resposta ao longo dos dias.

Fica fácil de perceber como somos agendados, ou pior, idiotizados.

Resta a nós, seres pensantes, se vamos obedecer a agenda e seguir discutindo qual será o final da novela global.

Ou debater os nossos reais problemas priorizando nossos problemas essenciais. Nossos.

E não ficar discutindo o que eles querem.

Eis como os sociólogos da escola de Frankfurt (Adorno, Horkheimer, Marcuse, Habermas, Walter Benjamim, etc) revelam como a indústria cultural trabalha e distrai o indivíduo, execrando sensos críticos. Lembre-se disso quando preferir assistir novelas, deixando livros chorando nas prateleiras das livrarias.


 
 
 

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